segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Ricos têm renda 39 vezes maior que a dos mais pobres




Um brasileiro que está na faixa mais pobre da população teria de guardar tudo o que ganha durante três anos e três meses para chegar à renda mensal de um integrante do grupo mais rico. Embora as pesquisas apontem quedas sucessivas na desigualdade de renda no País, dados do Censo 2010 divulgados ontem pelo IBGE mostram que os 10% mais ricos têm renda média mensal 39 vezes maior do que os 10% mais pobres. Os dados valem para a população de 101,8 milhões de habitantes com 10 anos ou mais que têm algum tipo de rendimento.

A renda média desses moradores é de R$ 1.202 mensais. Os 10% mais pobres recebem em média R$ 137,06. Os mais ricos, R$ 5.345,22. A parcela do 1% mais rico chega a R$ 16.560, 92 mensais, em média.

Levando em conta os habitantes de todas as idades, o IBGE calculou a renda média mensal de R$ 668 mensais. Metade da população, no entanto, recebia até R$ 375 mensais, no período em que o salário mínimo era de R$ 510 (a data de referência do Censo é julho de 2010).

A renda na população feminina é equivalente a 70% da média mensal masculina. Na população de 10 anos ou mais que tem algum tipo de renda, a média das mulheres é de R$ 983,36 mensais e dos homens, R$ 1.293,69.

A distância entre as raças é ainda maior. Os negros têm renda mensal equivalente a 54% da média dos brancos. A população de origem asiática, classificada no Censo como amarela, é a que tem a renda média mais alta, de R$ 1.572,08 mensais.

Entre os negros, a renda média mensal era, em 2010, de R$ 833,21 e a dos brancos chegava a R$ 1.535,94. A parcela dos 10% mais pobres entre os negros tem renda mensal de apenas R$ 120,05, mais de 57 vezes menor que os 10% mais ricos entre os brancos, que têm renda de R$ 6.919,46. Ou seja, o negro mais pobre teria de guardar toda a renda por quatro anos e nove meses para chegar a um mês de rendimento do branco.

"Houve um movimento de redução da desigualdade nos últimos anos, mas daí a indicar um cenário mais róseo para o futuro há uma longa distância. Durante muito tempo se pensou que o mero desenvolvimento econômico faria a desigualdade desaparecer. Não aconteceu. Agora se pensa que as políticas como o Bolsa Família vão acabar com a desigualdade. Não vão. O que vai diminuir são políticas de promoção da igualdade racial, a ação afirmativa no acesso às universidades, ao mercado de trabalho", diz o pesquisador Marcelo Paixão, da UFRJ, estudioso das desigualdades raciais.

Redução

As pesquisas por amostras de domicílio vêm mostrando ano a ano a redução do índice de Gini, que mede a desigualdade. Os números mais recentes, no entanto, evidenciam a distância entre os Brasis: o mais rico, alfabetizado, com acesso a serviços básicos, concentrados em grandes centros urbanos e de maioria branca e o mais pobre, com baixa escolaridade, domicílios precários, especialmente na área rural e de população negra ou parda.

Na população de 10 anos ou mais de idade com renda, o índice de Gini ficou em 0,526 (quando mais perto de zero, menor a concentração de renda e quanto mais próximo de um, maior a desigualdade). O Distrito Federal tem a maior desigualdade entre os Estados, com índice de 0,591.

A renda média da população é de R$ 2.461 mensais. Os 50% mais pobres, porém, detêm apenas 12,3% do total de rendimentos. Os índices de analfabetismo são um dos indicadores com as diferenças mais gritantes entre ricos e pobres, apesar dos bons resultados da redução dos índices nacionais.

Autor: Luciana Nunes Leal e Felipe Werneck

Fonte: Unisinos

http://amaivos.uol.com.br/amaivos09/noticia/noticia.asp?cod_noticia=19754&cod_canal=42

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Professor descompromissado

por Marcus De Mario*

É fato: muitos professores "não estão nem aí" para a educação, para a escola e para os alunos. Seu dia a dia é burocrático, desgastante, estressante ou sem compromisso: quem quiser passar de ano que estude! É fácil constatar isso, basta conviver com os professores, basta visitar uma escola e conversar com professores, alunos e coordenadores para constatar a falta de compromisso com a educação por parte de grande maioria dos professores.

Se a escola é pública a falta de compromisso é devida á burocracia centralizada do estado, aos dissabores com a direção escolar, aos perigos da profissão em comunidades carentes. Se a escola é particular o descompromisso é porque quem sabe obedecer garante o emprego, o salário é baixo, as questões de indisciplina e outras são de competência de outros profissionais.

A verdade é que, independente das motivações, a falta de compromisso é um fator lesa-educação, e professor que "não está nem aí" arca com sérias responsabilidades pela sociedade que temos, pois ele deveria ser o formador de consciências, de cidadãos, mas na medida em que apenas dá aula como mero repassador de conteúdos, sendo até mesmo mau exemplo para os alunos, com suas viciações de caráter estampadas, joga no viver social jovens despreparados, fazendo da escola uma instituição longe do seu grande objetivo de educar.

"Ah, mas a culpa é dos cursos de formação para o magistério, que estão muito fracos e não preparam para a realidade escolar". Seja, isso é em parte verdadeiro, mas quantos alunos, futuros professores, fazem esses cursos com má vontade, sem real aplicação, achando que não vale a pena maior esforço, pois, afinal, nada vai mudar na educação? Querem apenas ter uma profissão, e de preferência longe dos bancos escolares da educação básica, pois melhor é fazer carreira no ensino superior e, se possível, em áreas de pesquisa, pois magistério ...

Fácil é culpar a educação, a criança, o adolescente, a escola, o governo, a família, a sociedade e, se possível fosse, o cachorro e o papagaio, entretanto, parte da culpa pelos fracassos em educação está na falta de compromisso dos professores. Está na hora dos profissionais da educação olharem, primeiro, para si mesmos, pelo bem da própria educação.

http://www.educacaomoral.org.br/reconstruir/atualidade_edicao_74_professor_descompromissado.htm