PV 02 2011 “Todos aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm 8, 14).
Essa frase encontra-se no hino em que São Paulo canta à beleza da vida cristã, à sua novidade e liberdade. Tudo isso efeito do Batismo e da fé em Jesus Cristo que nos inserem plenamente Nele e, por Ele, no dinamismo da vida da Santíssima Trindade. Assim tornamo-nos uma única pessoa com Cristo, compartilhamos com Ele o Espírito e todos os seus frutos; e o primeiro desses frutos é que somos filhos de Deus.
Paulo fala em “adoção” (cf. Rm 8,15; Gl 4,5), mas somente para distingui-la da posição de filho natural, que cabe somente ao Filho único de Deus.
Nossa relação com o Pai não é meramente jurídica, como no caso dos filhos adotivos, mas é substancial, muda nossa própria natureza, como que por um novo nascimento. Pois toda a nossa vida passa a ser animada por um princípio novo, por um espírito novo, que é o próprio Espírito de Deus.
E vem o desejo de cantar incessantemente, com Paulo, o milagre da morte e da ressurreição que a graça do Batismo realiza em nós. Se deixarmos o Espírito Santo, que habita em nossos corações, mais livre, Ele poderá nos conceder seus dons com mais abundância e nos guiar nos caminhos da vida.
“Todos aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus
são filhos de Deus”.
Uma coisa é clara: quem é filho de Deus deve também viver como um filho de Deus. Se agirmos assim, o Espírito Santo nos guiará, dando à nossa vida cristã aquele sabor, aquele vigor, aquela força de atração, aquela luminosidade que ela não pode deixar de ter se for autêntica.
Sugestões para nossa vivência
1ª. SEMANA: Tomar consciência da presença do Espírito Santo em nós:
Antes de tudo, conscientizando-nos cada vez mais da presença do Espírito Santo em nós. Chiara Lubich nos diz: “Carregamos em nosso íntimo um tesouro imenso, mas não nos damos suficientemente conta disso. Possuímos uma riqueza extraordinária, que geralmente não utilizamos”.
2ª. SEMANA: Deixar-nos guiar pelo Espírito de Deus:
Isto significa, antes de tudo, escutar a sua voz, escutar “aquela voz”. Deus fala muito discretamente. Vicente Pallotti dizia: “Deus fala, quando o homem cala! Deus cala, quando o homem fala!” Por isso procuremos evitar encher-nos dia e noite com barulhos desnecessários, e reservar para nós momentos de silêncio.
3ª. SEMANA: Corresponder:
Sabemos que o Espírito Santo só poderá agir se correspondermos. São Paulo, ao escrever essa frase, pensava, sobretudo, naquele dever dos seguidores de Cristo que é justamente renegar-se a si mesmo, lutar contra o egoísmo, nas suas mais variadas formas, com a lei do amor, ou melhor, com o próprio Amor que foi derramado em nossos corações (cf. Rm. 5,5). Pensemos, portanto, nestes dias: “Onde estão ainda as diversas formas do meu egoísmo: meus apegos, minhas infidelidades nas coisas pequenas, minhas faltas de amor?” Essa luta e essa morte a nós mesmos produz vida; por isso, cada corte, cada poda, cada não ao nosso eu egoísta é fonte de nova luz, de paz, de alegria, de amor, de liberdade interior; é porta aberta ao Espírito.
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4ª. SEMANA: Fazer a vontade de Deus:
Um caminho seguro para deixar-nos guiar pelo Espírito Santo é fazer fielmente a vontade de Deus, momento por momento. Ser pontual às suas inspirações! Devemos dizer não a tudo o que é contrário à vontade de Deus e sim a tudo aquilo que é sua vontade: não às tentações, cortando sem hesitar o que elas sugerem; sim às tarefas que Deus nos confiou; sim ao amor para com todos os próximos; sim às provações e dificuldades que encontramos…