terça-feira, 19 de outubro de 2010

Por que tanta ira nesta campanha eleitoral?

Por que tanta ira nesta campanha eleitoral?


JB Libânio

Se algum ET aterrissasse entre nós nesta reta final da campanha eleitoral, perguntar-se-ia: que está a acontecer na Terra de Santa Cruz? O povo, que lá habita, tem fama de benevolente, de compreensivo, de não gostar de atitudes radicais, sobretudo de acusações pessoais violentas e indignas. E por que querem movê-lo ao voto precisamente pelo oposto de seu temperamento, de sua índole?

Pena que se percam o equilíbrio e a dignidade no momento em que se tem para discutir o futuro, utopias luminosas para o povo sofrido e que apenas tem recebido migalhas a cair da mesa da privilegiada elite de tantos séculos. A parábola do rico epulão e do pobre Lázaro se faz verdade em nossas terras. E se está em jogo porvir melhor para Lázaro, por que os ricos epulões se enfurecem? Esquecem que precisarão da gota dágua para refrescar a secura da garganta quando lhes atormentar o vazio de sentido de vida levada longe da solidariedade, da justiça, da compreensão e do cuidado pelos irmãos necessitados.

Viver numa sociedade materialista, invadida pela ganância do puro vencer, do derrotar o adversário ao arrepio de toda ética, degrada-nos enormemente. Cercam-nos tristes noticiários. Apresentam-nos as pessoas, não pelo lado de graça e de bondade que Deus semeou em todas elas, mas pelas sombras que por ventura lhes bateram ao longo da vida.

Que diferença de vida social levaríamos, se o primeiro olhar descobrisse no/a outro/a, seja companheiro/a de luta política ou adversário/a, aquilo que ele/a propõe de belo, de criativo, de promissor, em vez de tripudiar sobre reais ou imaginárias acusações. Estamos a afastar-nos do sonho de Platão que anunciava uma cultura a caminhar à luz do sol do bem. Ameaçam-nos, pelo contrário, o eclipse de tal Sol e o implantar-se de luz artificial do interesse individual e corporativo.

E se nos voltamos para o Oriente, símbolo do lugar de onde vem a luz "que ilumina todo aquele que vem a este mundo" (Jo 1, 9), então o fulgor cresce ainda mais em direção oposta da atual campanha, antes eleitoreira que eleitoral. Do Nascente divino veio a lição mais grandiosa que jamais a humanidade ouviu. O poder existe para o serviço e não para o domínio. "Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros" (Jo 13, 14). Assistimos ao oposto. Retornamos ao Antigo Testamento, que conheceu o apedrejamento para certos pecados. Esquecemos a pergunta de Jesus: "Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra" (Jo 8, 7). Não se ouviu o ruído de nenhuma pedra, mas a voz serena do Mestre: "Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?" Respondeu ela: "Ninguém, Senhor!" Então, lhe disse Jesus: "Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais" (Jo 8, 10-11).

Olhando para certos políticos hoje, vem-nos a frase de Virgílio: "Quantum mutatus ab illo"! Como estão diferentes daquele Heitor digno e belo!



Texto do Pe. Joâo Batista Libânio publicado 18/10/10 (?) no jornal O Tempo de Belo Horizonte.

Eleição, agressividade e o Espírito

Eleição, agressividade e o Espírito




Jung Mo Sung



É cristianismo uma religião da proibição, que impõe sobre toda a população (seja cristã ou não) seus valores à base da "espada" ou da lei do Estado? A história nos mostra que em parte foi e continua tentando ser esse tipo de religião da imposição através da proibição. Valores religiosos não podem ser impostos a não ser proibindo alternativas, pois valores religiosos e éticos só são valores para as pessoas que os praticam se assumidos livremente. Como não se pode impor o assumir livremente, o que seria uma contradição, a única forma de realizar o desejo da imposição dos seus valores é proibindo alternativas - através da força, do medo do inferno ou da lei do Estado.

No fundo é isso que está acontecendo nesta eleição, como também ocorreu nas anteriores, em torno da questão do aborto e do casamento ou união civil dos homossexuais (tema que está, entrando agora na polêmica). Setores da igreja católica e das igrejas evangélicas, que fora da época das eleições se vêem como "inimigas", se unem contra um mesmo inimigo proibindo os seus fiéis de votarem na figura que representaria o mal por não querer obedecer às leis de Deus (leis essas reduzidas ao campo da sexualidade humana e na forma interpretada pela sua igreja).

(A teoria do desejo mimético de René Girard nos oferece uma interpretação muito interessante de como esses dois setores rivais do cristianismo estão, no fundo, imitando uns aos outros, sendo iguais, tanto na eleição quando lutam contra o inimigo comum, quanto na luta de um contra o outro na ausência desse inimigo. É por isso que muitos desses setores evangélicos assumem discursos e ritos católicos, como setores católicos -carismáticos ou mais conservadores- imitam as igrejas evangélicas conservadoras e pentecostais.)

Esta imposição traz consigo uma contradição interna. As pessoas que querem impor, em nome de Deus, os seus valores ou crenças religiosas sobre outros grupos sabem, no fundo, que há algo de errado neste processo. Sabem que tentar impor esses valores a toda população através de proibições é no fundo reconhecer que são incapazes de mostrar, através de testemunho e ensino, o valor dessas crenças e valores morais. Ao tentar impor sobre os diferentes os seus valores, reconhecem que estão falhando na sua missão de anunciar a boa-nova (o evangelho) que só pode ser assumido livremente. Por isso, o discurso da proibição vem acompanhado de tanta agressividade contra os ditos "inimigos" de Deus ou das suas igrejas. No fundo é uma agressividade dirigida contra o "inimigo" e ao mesmo tempo contra o seu sentimento de fracasso no que pensa ser a sua missão.

Agressividade e falta de cuidado em verificar a veracidade das informações difundidas (para dizer o mínimo) revelam que há algo de errado no cristianismo vivido e defendido por esses grupos.

Se é verdade que historicamente o cristianismo foi vivido e se expandiu através desses mecanismos de imposição e proibição do alternativo, do diferente, também é verdade que nem toda a história do cristianismo foi e é assim. Mais importante do que isso, não é compatível com o cristianismo primitivo, muito menos com a vida de Jesus de Nazaré.

A boa-nova aos pobres e às vítimas das situações e estruturas opressivas (nisso resume a evangelização, cf. Lc 4) deve ser anunciada e testemunhada de forma propositiva para que seja aceita e vivida em liberdade. Pois como ensinou são Paulo, "onde está o Espírito, está a liberdade" (2Cor 3,17).

Por isso, a atuação dos cristãos na política deve ser fundamentalmente de modo propositivo e não acusatório e agressivo. Pois estamos anunciando e lutando por valores que "valem por si"; e que só são valores na medida em que são vividos com respeito e tolerância aos diferentes, dentro de espírito da liberdade. Devemos apresentar e lutar por propostas sociais e políticas, baseadas em nossa esperança de um mundo mais justo e solidário, onde até os mais pobres possam viver dignamente, com "respeito e mansidão" (cf 1Pe 3,15).

É claro que entre cristãos pode e deve haver diversidade nas linhas de propostas políticas e sociais, pois o evangelho não nos oferece programa político concreto para os nossos dias, mas nos ensina que devemos lutar para que todos e todas tenham vida em abundância (cf Jo 10,10). O que significa que lutar pelo "pão" dos mais pobres e o reconhecimento da dignidade humana de todas as pessoas devem ser uma prioridade na ação social e política dos cristãos e das igrejas.

A forma como se faz a política e atua nas eleições revela o verdadeiro espírito que move os seus agentes. É verdade que no "mundo" há muitos políticos que crêem que tudo é válido para alcançar os seus objetivos. Há muitos que acreditam que a agressividade nas acusações (e calúnias) revela a seriedade do seu compromisso religioso e ético. Mas, eu penso que a agressividade revela outra coisa, um outro espírito, diferente do Espírito do Amor-solidário (ágape)que deveria mover as comunidades e pessoas cristãs.

Publicado em www.adital.com.br

Comparando e votando bem!!!!!!!


Segue uma forma fácil de mostrar "aos que ainda têm dúvidas" o caráter óbvio da escolha presidencial.

Aos que têm a certeza equivocada, o panfleto serve para que, se continuarem com sua opção equivocada, ao menos tenham algum peso na consciência na hora de dormir.

Sem ofensas; pelo Brasil.


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Marco Haurélio

Fones: (11) 8347 4357

2769 6252

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A FILÓSOFA Marilena Chauí diz que SERRA é ameaça à democracia e aos direitos sociais.

Marilena Chaui: Serra é ameaça à democracia e aos direitos sociais




Professora de Filosofia da USP, em 3 minutos:


http://www.youtube.com/watch?v=0j6jgDs7gMQ