Uma das características da comunidade palotina é a de criar unidade na diversidade, e para isso se pede uma sensibilidade para saber olhar e ver, conhecer e reconhecer, ler e discernir. Outra característica palotina é de ser, na Igreja, um ponto de união entre o clero regular e o clero secular, apto para animar um e outro, numa ligação sagrada com todas as obras de caridade e de zelo.
O chamado e a insistência de Pallotti para o espírito de caridade é um convite para que cada um examine suas próprias motivações; de perguntar-se a si mesmo, de maneira contínua, sobre aquilo que move o seu coração, sobre aquilo que é o motor da sua atividade, do seu ser palotino, do seu apostolado. Por isso, ele nos deixou como modelo Nazaré e o Cenáculo. Nazaré é a união das três pessoas na convivência da vida cotidiana, ao passo que Cenáculo é a união da comunidade da Igreja em oração que recebe o dom do Espírito Santo, o dom da unidade. Portanto, o palotino deveria ser o homem da comunidade, da relação, da comunhão e da unidade. Qualquer ideia de individualismo e isolamento é a negação da obra palotina.
Portanto, um “cavaleiro solitário” e cada “cantor solista” deveria sentir-se mal entre os palotinos, fora de sua casa. Outro aspecto muito importante acentuado por nosso Santo Fundador é o espírito de caridade fraterna, com o qual são permeados tanto Nazaré como o Cenáculo. Pallotti insiste muito para que, na comunidade, seja dominante e reinante o espírito de caridade e dirá, explicitamente, que todos devem ser sempre animados pelo verdadeiro espírito de mais perfeita caridade (OOCC I, 107-109). Para ele, caridade é ser serviçal, cheio de paciência e de benignidade.
Para que haja o verdadeiro espírito de caridade, é preciso empenhar-se com coragem e santa indústria, e por isso ele adverte sobre tudo o que pode destruir o espírito de caridade, como por exemplo, o espírito de domínio, o espírito de egoísmo, isto é, o de procurar as próprias coisas, o espírito de ambição. Quando adverte sobre o perigo do espírito de domínio, o chama de “a peste da comunidade” (OOCC I, 106). Portanto, a espiritualidade palotina nasce da coexistência e interdependência de Nazaré e do Cenáculo; é uma escola de autêntica formação apostólica; uma escola de santidade e de apostolado. A espiritualidade palotina olha para o crescimento constante na santidade para o apostolado, isto é, precisa tornar-se santo para ajudar e tornar outros a serem santos. “Não é o apostolado que gera a santidade, mas é a santidade profunda que faz grande apostolado” (Pe. F. Amoroso).