sexta-feira, 18 de julho de 2014

Nas terras da Rainha da Amazônia o sangue derramado da mãe da Floresta: Irmã Dorothy Mãe Stang

 Nas terras paraenses não visitar a singela  Virgem de Nazaré, na imensa Basílica edificada em 1852 é não compreender a dinâmica de vida daquele povo que aglomera-se no Ver-o-Peso para a satisfação de suas necessidades vitais. O movimento nas ruas é expressão do grande movimento do povo amazônico na Festa do Círio de Nazaré. Milhões de peregrinos saem às ruas de Belém para o Círio, festa que ocorre no segundo domingo do mês de outubro.
O louvor a Deus por meio de Maria, sob o título de Nossa Senhora de Nazaré alimenta a certeza da vitória de Jesus Cristo na cruz e da vitória de um povo numa região marcada pela exploração das águas e das florestas. A pequenina imagem de Nossa Senhora de Nazaré reúne a fé de um povo que luta para sobreviver em terras de florestas entregues ao desenvolvimento desenfreado das cidades pelo consumo e lucro. Toda a correria pela sobrevivência do urbano, do ribeirinho, do indígena consagra-se na “corda” do Círio e faz de Maria, a mãe de Jesus, a Nossa Senhora de Nazaré a Rainha da Amazônia.
Como Peregrinos de Mary Ward eu não poderia deixar de visitar nossa Mãe Maria no Santuário de Belém. Descrever a experiência dessa  visita e se por aos pés de Nossa Senhora de Nazaré é tarefa difícil para minha ignorância nas letras, mas tarefa fácil para nos olhos as lágrimas rolarem em sintonia com a Igreja e com o povo da Amazônia. O Santuário encerra um clima de oração, de admiração, de reflexão, de doação e de proteção. Prostrar-se e poder rezar a Ave-Maria é uma realidade insondável. Todas as vezes que estive em Belém fui até a Basílica de Nazaré e por alguns minutos recarreguei minhas energias e com Maria professo “Fiat voluntas tua”. Aos pés de Nossa Senhora de Nazaré coloquei todos os que me pedem orações, pedi egoisticamente para que eu seja melhor, supliquei pelas missões que íamos fazer em Vitória do Xingu e por toda a Igreja para que seja simples e para os simples. 

 Na força do ‘fiat voluntas tua” peregrinamos até o SANTUÁRIO DE ANAPU, um município, santuário porque nessa cidade nasceu para o mundo a Irmã Doroty. Quem foi?
Dorothy Mae Stang, conhecida como Irmã Dorothy foi uma religiosa norte-americana naturalizada brasileira. Pertencia às Irmãs de Nossa Senhora de Namur, congregação religiosa fundada em 1804 por Santa Julie Billiart e Françoise Blin de Bourdo, nasceu em 7 de julho de 1931 e foi ASSASSINADA em 12 de fevereiro de 2005.

No sangue de Dorothy derramado na floresta está a luta de todos homens e mulheres que cantam "Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens". Se dizer da visita a imagem de Nossa Senhora de Nazaré não é fácil, muito menos dizer do que significou o grito de morte dessa religiosa para a Igreja e para os que acreditam que a terra é Dom de Deus e que está para seus filhos e não para alguns exploradores. Matar Irmã Dorothy foi um gesto ignorante de um ignorante pistoleiro que a mando de um ignorante “agiota” ignora a Lei e faz da força da bala a Lei ignorante. Doe na alma, ecoa no coração e impulsiona a razão a crer que quem segue Jesus não tem onde reclinar a cabeça, ouvir o padre dizer “a cabeça da irmã Dorothy valia 50mil e a minha 25mil . . . mataram minha irmã” doeu profundamente, sobretudo por ver uma Igreja voltada para a Cura e Libertação, por ver clérigos desfilando em carro zero km, vestindo grife, gastando o dinheiro do povo porque sua igreja é rica, doeu profundamente saber que há homens e mulheres lutando pela preservação da floresta e muitos de forma poética fazendo de conta que defendem a floresta. Doe ver grupos e movimentos na Igreja, centrados em seu próprio umbigo vestindo uma armadura e escondendo a podridão de suas vidas. Olhar para a casa de Ir. Dorothy, para seu fusquinha, pisar em solo que foi sepultada, abrigar-se sob a sombra de uma floresta que defendeu com seu próprio sangue me tornou pequeno, pequeno demais na fé, no compromisso com o evangelho de Jesus Cristo, pequeno diante de tanto sofrimento de filhos e filhas de Deus.




















Fazer a Peregrinação às terras sagradas de Anapu - PA e mergulhar no sangue de Ir. Dorothy foi redescobrir o Batismo e despertar para a missão Sacerdotal, Profética e Régia. Celebrar a eucaristia na sepultura, abrigada pela floresta amazônica, ensina a Ser Igreja, a Ser Povo de Deus, a Servir!

Agradeço ao Padre Vicente que animou e levou os Peregrinos de Mary Ward até Anapu, sem essa experiência nossa missão em Vitória do Xingu não teria sentido, afinal a Igreja de Vitória, como de toda prelazia de Altamira fez uma opção e nós, se queremos ser missionários nessas terras devemos fazer a mesma opção: lutar contra a morte da e na floresta. E, para isso peço a Virgem Nossa Senhora de Nazaré, Rainha da Amazônia e pelo sangue da Irmã Dorothy, mãe da Floresta que homens e mulheres que lá testemunham o Evangelho de Jesus Cristo não se deixem vencer pelo medo, não se entreguem ao dinheiro, não tenham medo dos que matam o corpo, não desistam de fazer da Terra, da Floresta e da Vida DOM DE DEUS.