domingo, 12 de setembro de 2010

Raimon Panikkar, buscador do Mistério

Raimon Panikkar, buscador do Mistério


Os místicos dizem que a morte mais difícil não é a morte física, essa morte pequena, mas aquela que acontece com o desapego radical e o mergulho na profundidade da alma. A expressão utilizada é “morrer antes de morrer”. Assim aconteceu com Raimon Panikkar, que nos deixou nesse agosto de 2010, aos 91 anos de idade. Talvez tenha sido um dos Buscadores do Mistério mais ousados e provocadores. Sua vida foi toda tecida pela dinâmica da relação.

De mãe católica e pai hindu, traz em sua vida esse traço de dialogação. Uma vez perguntado sobre o seu itinerário pessoal respondeu que partiu cristão, descobriu-se hindu e retornou budista, sem ter jamais cessado de ser cristão. E anos depois, acrescentou que no seu retorno, descobriu-se um cristão melhor. Esse é Panikkar, referência singular para o diálogo das religiões e a reflexão sobre a espiritualidade. A perspectiva dialogal estava envolvida em sua vida como o musgo na pedra. Não via futuro nas religiões a não ser no intercâmbio criativo entre elas. Dizia que sem a interlocução externa as religiões não poderiam senão afogar-se. Propunha um “diálogo dialógico”, mais existencial, de “fecundação mútua”, que pudesse de fato envolver os parceiros numa busca comum do mistério.

O diálogo para ele era, antes de tudo, um ato espiritual, que implicava uma profunda consciência da humildade e vulnerabilidade dos interlocutores diante do Mistério sempre maior e adiante. Mesmo reconhecendo todas as dificuldades que acompanham a abertura e o êxodo para o mundo do outro, acreditava que esse era o caminho seguro para a construção da identidade. Tornava-se necessário conhecer e dialogar com uma outra tradição religiosa para poder situar verdadeiramente a própria tradição. Em frase lapidar, assinalava que “aqueles que não conhecem senão sua própria religião não a conhecem verdadeiramente”.

Na visão de Panikkar, o diálogo interreligioso requer como condição fundamental a atitude de “uma busca profunda, uma convicção de que estamos caminhando sobre um solo sagrado”. Há que se despir de preconceitos para acessar o mundo do outro. E essa viagem não é fácil.

Mas há que sair do “esplêndido isolamento”. O encontro com o outro torna-se hoje “inevitável, importante e urgente”. Mas alongar as cordas é sempre muito difícil. Exige um questionamento profundo às nossas convicções e a disposição de deixar-se transformar pelo outro. Como indica Panikkar, é também um encontro “perigoso e desconcertante”, mas certamente purificador. É a condição indispensável para nos darmos conta da profundidade inexaurível da experiência humana e dos limites precisos de nossos vínculos contingenciais e limitados.

Para Panikkar, o salto desarmado na realidade é “audacioso e mortal”, e esse foi o exemplo deixado por peregrinos como Buda e Jesus. No horizonte dessa busca o que existe é algo encantadoramente simples, como destaca Mestre Eckhart: algo que é “florescente e verdejante”. Panikkar indica que o verdadeiro buscador deve voltar-se para o que é simples por excelência: o Mistério que nos habita e que também brilha no mundo do outro. Na verdade, o diálogo é uma viagem novidadeira que toca de perto nossa própria peregrinação pessoal, no sentido do encontro com a plenitude de nós mesmos.

Há que jogar-se com liberdade nessa água, nos diz Panikkar, ainda que nossas pernas vacilem e nosso coração titubeie. Mesmo sabendo que há o risco de nele nos perdermos e afogar, é o caminho essencial para tocar o fundo.

No último período de sua jornada, Panikkar dedicou-se ao tema da mística e da espiritualidade. Para ele, a mística vem entendida como a “experiência integral da vida” ou “experiência da Realidade última”. E a categoria Realidade assumia para ele uma importância única, de densidade mais ecumênica para expressar o significado profundo da experiência do Mistério sempre maior.

Enquanto a mística traduz para ele essa “experiência suprema da realidade”, a espiritualidade vem entendida como o caminho para alcançar essa experiência. É ela que faculta o essencial fermento para a qualidade da vida e para o encontro autêntico com o outro.

Em bela iniciativa da editora italiana Jaca Book, toda a obra de Panikkar está sendo recolhida e organizada e vários volumes, divididos por temas, entre os quais: mística e espiritualidade, religião e religiões, cristianismo, hinduísmo, budismo, cultura e religiões em diálogo, hinduísmo e cristianismo, visão trinitária e cosmoteândrica, mistério e hermenêutica, filosofia e teologia, secularidade sagrada, espaço tempo e ciência (Opera Omnia).

Autor: Faustino Teixeira http://amaivos.uol.com.br/amaivos09/noticia/noticia.asp?cod_noticia=15751&cod_canal=66

As narrativas midiáticas do caso dos mineiros chilenos trouxeram à tona novamente o debate sobre a sociedade do espetáculo. O SINPRO-SP abre espaço para a reflexão com o artigo de uma especialista e pesquisadora do assunto

Confinados, mas sob as câmaras por  Elisa Marconi e Francisco Bicudo (SINPRO-SP)

No início de agosto, foi ao ar – para o mundo todo – o primeiro capítulo de uma série que está longe de acabar. Noticiado em jornais, revistas, emissoras de rádio e amplamente repercutido pelas TVs, o acidente que prendeu 33 mineiros chilenos na Mina San José, em Copiapó, 800 quilômetros ao norte de Santiago, a capital chilena, vem sendo acompanhado passo a passo, episódio a episódio, quase que minuto a minuto. Do que eles têm para comer ao funcionamento da perfuratriz; da previsão dos proprietários da mina à ajuda da Nasa (a agência espacial norte-americana) para simular dia e noite; dos contatos em tempo real com as famílias aos quilos que os mineiros já perderam. Ficamos sabendo de tudo.

Certamente não é o primeiro caso de cobertura intensiva e espetacularizada de um acontecimento real, porém dramático, com personagens reais. Mas essa retenção dos chilenos há mais de um mês é propícia para trazer à tona uma reflexão a respeito do papel da mídia, da narrativa dos fatos e do que é oferecido aos leitores, ouvintes e espectadores.

No último dia 4 de setembro, por exemplo, o filósofo alemão Christoph Türcke, da Universidade de Leipzig, falou à Folha de S. Paulo que as pessoas hoje vivem na chamada “sociedade da sensação”. Nesse novo mundo, a exposição a choques imagéticos excita continuamente os espectadores, causando um efeito parecido com o das drogas como cocaína e heroína. A cobertura do drama dos mineiros chilenos atenderia diretamente a essa necessidade de experimentar sensações. No dia seguinte, o mesmo jornal convidou o jornalista e ex-Big Brother Jean Wyllys para que – à luz de seu confinamento na casa do reality show da TV Globo – analisasse a situação dos mineiros presos na San Jose.

Em 30 de agosto, poucas semanas após a notícia do confinamento, o jornalista Alberto Dines escreveu no Observatório da Imprensa: “O fim de semana foi marcado em todo o mundo por um espetáculo sem precedentes, autêntico reality show, dramático, emocionante, angustiante, literalmente sufocante. Jornais, revistas e televisão mostraram um vídeo gravado nas profundezas do inferno a 700 metros abaixo do solo pelos mineiros chilenos soterrados há 25 dias na mina de cobre de San José, norte do Chile.” E finaliza dizendo que “o jornalismo sem jornalistas está na moda: é espetacular, incessante e, sobretudo, barato”.

As narrativas midiáticas do caso dos mineiros chilenos presos na Mina San José trouxeram à tona novamente, e com muita intensidade, o debate sobre a sociedade do espetáculo e as proximidades indesejadas entre jornalismo e entretenimento. O SINPRO-SP aproveita para contribuir com a discussão e as reflexões críticas e abre espaço para o depoimento de uma especialista e pesquisadora do assunto – a professora do programa de Pós Graduação em Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Leda Tenório Motta.

Leia também http://www.sinprosp.org.br/reportagens_entrevistas.asp?especial=271&materia=560



http://www.sinprosp.org.br/reportagens_entrevistas.asp?especial=271 (acesso 12/09/10)

Fudamentos da Avaliação Educacional

Prof. Adriana Bauer
Fundamentos da Avaliação Educacional

(Profª. Adriana Bauer USP)


No dia 11 de setembro participei de uma palestra e passo a registrar algumas das ideias que foram ventiladas na exposição. Não tenho a pretensão de expor logicamente o tema exposto, senão RECORTES do que ouvi com o intuito de fazer pensar tão necessário tema na vida escolar.





1. O tema avaliação é de extrema importância para o trabalho escolar, daí a necessidade de “limpar” os conceitos que temos de avaliação.

2. A avaliação é um processo básico do comportamento humano.

3. A essência da Avaliação está na sua forma plurirreferencial, ou seja, ela é pode ser:

- Avaliação de Sistemas.

- Avaliação de Programas.

- Avaliação Institucional.

- Avaliação da Aprendizagem – essa dimensão é a que interessa no momento.

O QUE É AVALIAR?
4. PROCESSO DE DETERMINAR O MÉRITO, O VALOR OU SIGNIFICADO DE ALGO, OU PRODUTO DAQUELE PROCESSO (Seriven, 1991)
5. O JULGAMENTO, a APRECIAÇÃO e a VALORAÇÃO exigem normas e padrões pré-definidos e isso, expressa a finalidade da educação.

6. Para Tyler (1950) avaliar é VERIFICAR a consecução de objetivos.

7. OBTER INFORMAÇÕES PARA A TOMADA DE DECISÕES (Alkin 1969)

8. Descrever e julgar (Stake 1967).

CONFUSÃO CONCEITUAL

9. Avaliar e examinar

10. Avaliar e medir

11. Avaliar e classificar

12. Para Hadji (2001) atribuir um número a um acontecimento a um objeto, de acordo com uma regra logicamente aceitável.

13. Avaliar não é medir.

14. A Avaliação pode ser diagnóstica / prognostica; cumulativa / processual / contínua.

AVALIAÇÃO FORMATIVA

15. A avaliação formativa não classifica não seleciona, mas busca entender onde o aluno está e define metodologias para se chegar onde se quer chegar. AVALIAR O QUE FOI ENSINADO.

PRINCÍPIOS BÁSICOS DA AVALIAÇÃO FORMATIVA:

16. INTERPRETAR

17. AJUSTAR

18. COMUNICAR

19. O que define a avaliação praticada é a lógica de uso do seu resultado, mais do que o momento em que é praticada!! Ex.: posso ter uma avaliação cumulativa, e ao mesmo tempo, um uso formativo do resultado.

AVALIAÇÃO POR REFERÊNCIA

20. Avaliação NORMATIVA: desempenho comparativo dos indivíduos num grupo, na realização da mesma tarefa (Scriven 1991). Na avaliação normativa a referência é o grupo e o objeto é medir o desempenho de cada aluno.

A AVALIAÇÃO ALMEJADA

21. Relacionada com a aprendizagem;

22. Ser pensada, planejada e realizada de forma coerente e conseqüente com os objetivos propostos para a aprendizagem.

23. Ser contínua para acompanhar o processo de aprendizagem, até atingir os objetivos finais.

24. Estar voltada para o desempenho do aluno.

25. Incidir, também, sobre o professor e o plano de ensino.

26. Exigir observação e registro por parte do professor e aluno.

27. Conter tanto a avaliação feita por outros, como a auto-avaliação.
OPERACIONALIZAÇÃO DA AVALIAÇÃO

28. Critérios procedimentos e instrumentos de avaliação decidem o destino dos alunos.

29. A escolha de instrumentos e procedimentos de avaliação é sempre política, implica na concepção de educação, de educando, de escola, etc.

30. É importante que o professor avalie o conteúdo trabalhado durante o curso ou período letivo, de acordo com os objetivos a alcançar.

PARA AVALIAR É PRECISO

31. Desenvolver uma visão de mundo.

32. Desenvolver a criatividade.

33. Desenvolver o pensamento crítico.

34. Desenvolver e despertar o interesse.

TENTE:

35. Estabelecer a relação de conteúdos que são ensinados para satisfazer os objetivos propostos.

36. Defina um instrumento de avaliação que considera adequado para avaliar o desempenho dos alunos nesses objetivos, difícil NÃO?








Os RECORTES acima não traduzem a palestra, porém PROVOCAM a reflexão de tão sublime tema, a AVALIAÇÃO, para os educadores!!!
J.A. Galiani