“Do que, que é
esta procissão? ”. Foi a pergunta que ouvi de uma senhora logo depois que o
Padre com o ostensório a abençoou. Quantas dúvidas, quantas incertezas, quanta
ignorância!
Em pleno dia de
feriado e, feriado de Corpus Christi, vendo o padre com um “treco” na mão e traçando
o sinal da cruz sobre ela e sobre sua casa, não sabia o que era. Não, ela não é
ignorante! As dúvidas, incertezas e ignorância são dos cristãos. Sendo ela
cristã e os que caminhavam pela rua também, diria são todos ignorantes, estes
por não assumirem as orientações do Papa Francisco, “ser uma igreja em saída”,
ela por desconhecer sua igreja.
Éramos uma
pequena parcela da paróquia, que no montante de paróquias e parcelas pequenas
pelo mundo superamos em número o que a mídia global dizia da concentração dos
evangélicos na cidade de São Paulo. Não se trata de quantidade, de número de
pessoas reunidas em um mesmo espaço, para um mesmo fim, porque se assim o for,
os ditos dois milhões reunidos em São Paulo ser considerado o maior evento
cristão do mundo é, nada mais nada menos, falta de noção estatística em relação
às manifestações de fé dos cristãos pelo mundo afora. Só em Belém em cada Círio
de Nazaré são mais de 2 milhões de romeiros por ano, que louvam a Jesus pela
Senhora de Nazaré. Em Fátima, Portugal, por ocasião do centenário da
manifestação de Maria às 3 crianças, foram mais de 1 milhão de cristãos,
considere fiéis do mundo inteiro com todos os desafios financeiros que uma
viagem internacional exige. Nesta quinta feira de Corpus Christi foram mais de
1,27 bilhões de católicos nas suas casas, nas igrejas e nas procissões em torno
do CORPO DE CRISTO, a Eucaristia.
O grande desafio
do século XXI para os cristãos católicos ou não, é a superação da ignorância de
uma ideia de Igreja Cristã voltada para si mesma e para a supressão das
necessidades materiais via uma fé subjetiva, sentimentalista e milagreira. Daí
a, falsa, surpresa da pergunta da simples senhora no portão de sua casa
enquanto o padre a abençoava com a Eucaristia. A superação da ignorância não está
em repetir dogmas, conceitos e tradições religiosas, muito menos em invenções
pentecostais evangélicas que agrupam números humanos autodenominados de
cristãos, assim o digo porque há entre estes até os que negam o Deus UNO e
TRINO, princípio teológico básico do reconhecimento de uma Igreja como Cristã.
O século XXI
força-nos a construir um paradigma novo no trato e retrato das igrejas, onde o Deus
que se crê é o mesmo para todos e, as Igrejas em “cada esquina” exigem respeito
e acolhimento por parte de todos, mesmo as que são financiadas pelo “dono do
morro”, para que ali impere o tráfico de drogas, de armas e de pessoas.
Cristãos católicos
ou não, se são cristãos a realidade é uma e ela faz-nos superar a ignorância
religiosa. A EUCARISTIA como o “pão vivo descido do céu, para dar vida ao mundo”
é alimento e quem o come “têm vida” (Jo 6, 51-58).
Para o cristão
não há números, não há estatísticas, não há os “mais” ou os “menos”, não há os
ignorantes, crentes, idólatras exceto você cristão se faz melhor que este ou
aquele, melhor que os católicos, melhor que os evangélicos, melhor que os
protestantes, melhor que os ortodoxos, melhor que você mesmo. Ser cristão hoje
é redescobrir no Evangelho de Jesus Cristo o grande mandamento “que todos sejam
um” (Jo 17).
Que a descrença,
a incerteza, a ignorância seja superada por uma cultura eucarística de cristãos
que tem “no corpo e sangue de Cristo” a possibilidade de “um só corpo” (1Cor 10,16-17)
e como pregou nosso Pároco Padre José Alves (SAC) na Paróquia São João Batista
(Setor Carrão-Formosa da Região Episcopal Belém – Arquidiocese de São Paulo):
“Eucaristia não
combina com fome.
Eucaristia não
combina com injustiças.
Eucaristia não
combina com corrupção.
Eucaristia não
combina com miséria”.