sexta-feira, 21 de abril de 2017

Da “baleia azul”e seus 50 desafios ao tempo de vida da “Balaenoptera musculus” e nos 27 versículos do Eclesiástico o tempo da vida dos nossos filhos.



Da “baleia azul”e seus 50 desafios

ao tempo de vida da “Balaenoptera musculus”

e nos 27 versículos do Eclesiástico

o tempo da vida dos nossos filhos.



Baleia Azul! Recentemente no show da vida uma informação entrou em nossas casas, no game midiático o jogo do fantástico nos desafiou para mais uma “nudez”. Bombardeados pela internet nos vemos, não como o personagem bíblico Jó, dentro da barriga da baleia, não para nascer de novo, mas para morrer como excremento dela. Nossas famílias no show da vida se veem mergulhadas na impotência, na permissividade e “nudez” que revela o quanto somos ausentes uns dos outros.

Uma febre de 40 graus leva ao delírio educadores e pais, os primeiros como que se só passasse por eles o caminho da vida e escolha das crianças e adolescentes, os outros como que se só aos educadores a responsabilidade de informar e formar seus filhos.

Antes de mais nada o obvio precisa ser dito. Na relação pais e filhos, os responsáveis pelos filhos são os pais. Na relação educação e escolarização os responsáveis pela educação são os pais. Na relação escola e educação, os responsáveis continuam sendo os pais, pois sem a educação que vem da família a escola e o processo de escolarização nada farão.

Baleia azul, meu Deus, onde chegamos!? Não chegamos porque não saímos e nem sairemos de onde sempre estivemos; somos vulneráveis hoje e sempre, isto é condição humana. Não se quer dizer com isso que devemos nos acomodar e conformar. O game está posto e no show fantástico da vida o que importa é vencer, mesmo que isto signifique vencer para perder a vida. Que horror! “Onde já se viu isso”?

Recentemente em conversa com um casal, pais de dois filhos, um com 10 anos e outro com 13 anos de idade, ouvi falas diversas, o que me deixou confortável e confiante em relação ao objetivo de nosso diálogo; eles demonstravam presentes e participantes da vida dos filhos, não obstante uma fala me mostrou o quanto minha percepção foi equivocada. Disseram “esta semana demos para ele, um dos filhos, um celular novo, porque o que tinha, perdeu. E, dissemos para que ele cuide, para que não empreste para os amiguinhos, para que o guarde no bolso, na mochila e não deixe jogado pela casa, nem sobre a carteira na escola”. Fiquei admirado com a atitude dos pais e a educação dada ao filho, com o que de valor ele ganha, mas ao mesmo tempo triste, decepcionado e em crise: como será que nossos filhos são acolhidos, orientados e educados em relação ao valor maior que a eles damos: a Vida?

Eles nascem e os “empetecamos” de coisas e mais coisas, de sapatinhos, meinhas, roupinhas, jóinhas, são tantos diminutivos que quando nos damos conta perdemos os nossos filhos no ‘aumentativo’ da vida. Os perdemos por não amá-los de verdade, os perdemos para a medicação “tarja preta” que ingerimos, os perdemos para a bebida alcóolica que estocamos na geladeira e no barzinho que mantemos dentro de nossas casas, os perdemos para eles mesmos que mergulhados no edredom, na mídia e narcísico mundo que os criamos vivem como se não vivessem à espera de algo que lhes dê sentido, de um pai que lhes dê atenção e não mesada, de uma mãe que lhes dê compreensão e não só aprovação, à espera de pais que sabem o que fazem e porquê fazem.

Em minha rotina é comum ouvir: “meu pai não está nem aí, faço o que quero” e, “minha mãe só grita e recrimina o que faço”. Baleia azul? Chega de hipocrisia, chega de bazófia, chega de pais disfarçados de pais, chega de provedores dos filhos. Chega de alardes e alarmes que nos fazem reféns de nós próprios e omissos em relação aos filhos que geramos. Basta, basta, basta de uma mídia que entra como dejeto em nossa vida, tornando-nos titica e ocupando nosso lugar na vida de nossos filhos.

Colocar-se em defesa, cuidado e luta pela vida vai além de informar e deformar, vai além de alardear e matar. Se hoje estão preocupados com game baleia azul é porque não se preocuparam com a vida, é porque não usaram o grande valor que a própria vida deu para lutar, cuidar e defender os filhos que geraram. Se os pais olharem, tocarem, cheirarem, ouvirem e sentirem o “gosto” dos filhos não haverá excremento midiático tornado real e verdadeiro que nos tire o bom senso, tornando-nos objetos manipuláveis e achatados pelo senso-comum das redes sociais, fazendo-nos heróis sem causa e defensores dos filhos que temos e matamos, porque cremos que o que está fora deles e de nós é o que os mata.

Que mares iremos navegar? Onde iremos mergulhar? Seremos dejetos da baleia azul, da baleia cor de rosa, de todas as “não verdades” que entram em nossas casas para nos fazer “titicas de galinha” e reféns de nossos medos?

Diante das provocações acima sem moralismo, sem pieguismo, sem pretensões dogmáticas, sem querer definir, sem querer ser o pai da ortodoxia familiar e educacional faço um convite aos pais e educadores. Leiam e reflitam um texto do livro do Eclesiástico, livro bíblico escrito entre 190 e 124 a.C., que no capitulo 30 e seus versículos indicam sobre a vida que temos e queremos para nós e para nossos filhos.

"1.Aquele que ama seu filho, castiga-o com frequência, para que se alegre com isso mais tarde, e não tenha de bater à porta dos vizinhos.

2.Aquele que dá ensinamentos a seu filho será louvado por causa dele, e nele mesmo se gloriará entre seus amigos.

3.Aquele que educa o filho torna o seu inimigo invejoso, e entre seus amigos será honrado por causa dele.

4.O pai morre, e é como se não morresse, pois deixa depois de si um seu semelhante.

5.Durante sua vida viu seu filho e nele se alegrou; quando morrer, não ficará aflito; não terá de que se envergonhar perante seus adversários,

6.pois deixou em sua casa um defensor contra os inimigos, alguém que manifestará gratidão aos seus amigos.

7.Aquele que estraga seus filhos com mimos terá que lhes pensar as feridas; a cada palavra suas entranhas se comoverão.

8.Um cavalo indômito torna-se intratável; a criança entregue a si mesma torna-se temerária.

9.Adula o teu filho e ele te causará medo; brinca com ele e ele te causará desgosto.

10.Não te ponhas a rir com ele, para que não venhas a sofrer com isso, e não acabes rangendo os dentes.

11.Não lhe dês toda a liberdade na juventude, não feches os olhos às suas extravagâncias:

12.obriga-o a curvar a cabeça enquanto jovem, castiga-o com varas enquanto ainda é menino, para que não suceda endurecer-se e não queira mais acreditar em ti, e venha a ser um sofrimento para a tua alma.

13.Educa o teu filho, esforça-te (por instruí-lo), para que te não desonre com sua vida vergonhosa.

14.Mais vale um pobre sadio e vigoroso, que um rico enfraquecido e atacado de doenças.

15.A saúde da alma na santidade e na justiça vale mais que o ouro e a prata. Um corpo robusto vale mais que imensas riquezas.

16.Não há maior riqueza que a saúde do corpo; não há prazer que se iguale à alegria do coração.

17.Mais vale a morte que uma vida na aflição; e o repouso eterno que um definhamento sem fim.

18.Bens escondidos em uma boca fechada são como preparativos de um festim colocados sobre um túmulo.

19.De que serve ao ídolo a oferenda que lhe fazem? Não pode nem comê-la nem lhe respirar o aroma.

20.Assim é aquele que o Senhor repele, e que carrega o castigo de seu pecado;

21.seus olhos vislumbram (o alimento) e ele suspira, assim como suspira o eunuco ao abraçar uma virgem.

22.Não entregues tua alma à tristeza, não atormentes a ti mesmo em teus pensamentos.

23.A alegria do coração é a vida do homem, e um inesgotável tesouro de santidade. A alegria do homem torna mais longa a sua vida.

24.Tem compaixão de tua alma, torna-te agradável a Deus, e sê firme; concentra teu coração na santidade, e afasta a tristeza para longe de ti,

25.pois a tristeza matou a muitos, e não há nela utilidade alguma.

26.A inveja e a ira abreviam os dias, e a inquietação acarreta a velhice antes do tempo.

27.Um coração bondoso e nobre banqueteia-se continuamente, pois seus banquetes são preparados com solicitude." 




J. A. Galiani – Filósofo, Teólogo e Pedagogo.