domingo, 21 de setembro de 2014

O espaço público para uso próprio!

     Tenho sido questionado frequentemente por amigos que não entendem o motivo de minha afirmativa de que VOTAREI NULO. Sou de uma geração que se formou na filosofia marxista e na teologia da libertação. Minha base de formação é a concepção de que na organização social popular está a transformação da sociedade.  Daí minha simpatia pela ideologia do Partido dos Trabalhadores, pela organização sindical, pelos movimentos sociais e toda forma de questionamento da ordem estabelecida, se esta não está a serviço da sociedade, sobretudo dos mais pobres.  Sou eleitor do PT e não abro mão, como não abro mão de ser Corintiano. Mas não é contraditório não votar e sugerir o VOTO NULO acreditando que pela participação social popular a tão sonhada SOCIEDADE de todos poderia acontecer?
     
     Na Política aprendi que a UTOPIA é a máquina propulsora de um sonho irrealizável: uma sociedade justa, fraterna, igualitária e humana. Meus ídolos políticos, politicamente por justiça ou injustiça estão condenados pela Lei. São réus de corrupção e cúmplices de ações governamentais que priorizam o interesse do capital e seus representantes em detrimento da Floresta, dos recursos naturais, das populações ribeirinhas, quilombolas, das comunidades nos grandes centros urbanos e dos que vivem nos porões dessa podre e pobre sociedade.
     
     Em todo ano eleitoral vivemos a mesma e vergonhosa verborréia política. Estamos confinados a votar na Direita, no Centro ou na Esquerda. Isso existe? No atual cenário, que candidatos agregam os interesses da população? Todos dizem as mesmas coisas das coisas mesmas: Segurança Pública, Educação, Trabalho, Transporte Público, Saúde, Moradia e tantas promessas feitas, sem Santo para cobrá-las e pagador de promessas para realizá-las. Um eleitor entregue ao marqueteiro e ao sensacionalismo de uma mídia que informa sem criar opinião pública, aliás, cria uma opinião, mas sem criticidade porque lhe falta aquilo que é essencial num processo eleitoral democrático: a democracia. Para manter seu IMPÉRIO, nada em comum com o nome de uma telenovela, a mídia constrói opiniões sem opiniões, desestrutura estruturas sem edificar, propões valores sem valores e diante da tela somos embriagados pelo que nos faz, mais um que acha e que na verdade não acha nada, senão o “achismo” sem base e fundamento do que realmente achamos. Achamos tudo sobre tudo com tanta facilidade que o tudo é nada na imensidão de tudo o que nos dizem. Dados oficiais são divulgados (pnad)... estão errados.... policiais no policiamento em defesa dos cidadãos.... matam cidadãos.... políticos eleitos para o bem do povo enriquecidos e beneficiados pelo dinheiro público desviado.
     
     Poderíamos travar um debate infindável de situações antagônicas em nossa sociedade, mas não é o propósito. VOTAR NULO é o propósito! O desafio seria ainda maior e melhor se a sociedade fosse para a rua e não para as urnas. Sociedade dos que não se conformam com tanta mentira, com tantas promessas, com essa forma artesanal de fazer campanha política e eleições. Mas quem de nós quer ir depois dos dias das eleições até o Cartório para JUSTIFICAR O VOTO e pagar uns míseros reais na casa lotérica como multa por não termos votado e estarmos quite com a Justiça Eleitoral? O que isso mudaria? Não muda nada, como não muda o VOTO NULO e o branco, mas COM CERTEZA seria um ato nobre do cidadão nobre numa civilização nobre em contrapartida ao interesse particular.
VOTO NULO não porque estou descontente com os políticos, mas com a sociedade que elege os políticos. Que sociedade, que cidadãos, que homens e mulheres?! Cidadãos comuns e cidadãos políticos estão como que “farinha no mesmo saco”, fazem não pelo bem de todos e da sociedade, mas seguem seus interesses e propósitos pessoais diante dos que os financiam.

     Há em nossas cidades ações que me ajudam a VOTAR NULO! Nessa semana na região que moro iniciaram rebaixamento de guia nas ruas para favorecer o ato de atravessar a rua para cadeirantes e outros necessitados, porém o pobre deverá cuidar-se, pois a guia rebaixada e sinalizada o coloca entre os carros e não na faixa de pedestre. Quem foi que autorizou tamanha monstruosidade? Quem executou e fiscalizou esta estupidez? Veja nas fotos que publiquei com esse artigo, se não foram motivados pelo mesma atitude de quem jogou na calçada o sofá. Pior, a calçada que você vê na foto era plana, reta sem degraus e não expunha a risco o transeunte. O que motivou o proprietário do atual imóvel fazer tais degraus? O engenheiro da obra pensou que a calçada = passeio é lugar de todos e não espaço de fazer a vontade própria ou a vontade do dono do imóvel? A calçada/passeio é de todos e não do dono do imóvel. Será que não há no município, fiscais que acompanham tais obras? Como permitem tal aberração?

     Perguntas e perguntas nascem de uma manhã caminhando pelas ruas de nossa cidade, perguntas e perguntas nascem ouvindo os políticos dizendo, dizendo e dizendo o que nada dizem para que sejamos convencidos a votar neles. O interesse público nos projetos políticos dos atuais candidatos são os mesmos dos que fazem o que as fotos mostram em nossa cidade. Enquanto os cidadãos permitirem que outros animais racionais façam o que as fotos delatam os políticos continuarão tratando os cidadãos como animais, não racionais.



Meu VOTO É NULO!
Tendo 99% a não comparecer às Urnas, sobretudo em tempo de FICHA LIMPA vendo o Sr. Paulo Maluf na TV pedindo votos! Vergonha!