sexta-feira, 30 de junho de 2023

OS REMÉDIOS PARA A PERTURBAÇÃO DO NOSSO CORAÇÃO

 OS REMÉDIOS PARA A PERTURBAÇÃO DO NOSSO CORAÇÃO

            O título acima é cópia do texto impresso no “POVO DE DEUS EM SÃO PAULO” e o texto em sua íntegra pode ser lido no site https://arquisp.org.br/liturgia/folheto-povo-de-deus e, ou https://www.vatican.va/content/francesco/pt/angelus/2020/documents/papa-francesco_regina-coeli_20200510.html onde aliás, podemos nos deparar com belíssimas e profundas reflexões que nos inspiram a melhor viver nossa Fé.

            Antes de mais nada é de extrema importância que você leia o trecho do Evangelho de João 14, 1-12, sugiro o site, mas pode ser na Bíblia de sua preferência:  https://www.bibliacatolica.com.br/biblia-ave-maria/sao-joao/14/ .

            A partir de agora passo a reescrever a mensagem do Papa Francisco, ousadia, afinal como atrever-se a “desatar as correias” de suas sandálias. Mas, ouso, em vista do que tenho visto depois do período sombrio que vivemos em nosso país. Digo vivemos, porque creio, será passageiro!

            Iniciemos com o que diz o psiquiatra e professor da Unicamp Paulo Dalgalarrondo:

há uma substituição do pensamento crítico por um raciocínio falso, reforçado com mais vigor, na atualidade, pela circulação de informações inverídicas”.

(https://www.unicamp.br/unicamp/tv/direto-na-fonte/2023/01/13/bolsonaristas-radicais-negam-realidade-diz-psiquiatra )

            É tão grave esta força da mentira que tenho visto pessoas em depressão, sendo tratadas com tarja preta e hospitalizadas na tentativa de “se reencontrarem” com elas próprias; situação que afeta a todos seus entes queridos e denuncia a “politicagem” mais desastrosa que vivemos, não maior que o período da Ditadura Militar, mas uma “laranja podre” dentro de nossas famílias, Igrejas, comunidades religiosas e guetos políticos em defesa de ideias desumanas, antidemocráticas, armamentistas, preconceituosas que fizeram e fazem pobres acharem que os pobres, assim são, por serem vagabundos. Um movimento tão forte que, dentro de meu contexto de vivência religiosa, vi e ouvi sacerdotes, imaturos e mal formados, atacarem a Doutrina Social da Igreja, inclusive o Papa.

            Todos ficamos vulneráveis às mentiras mostradas como verdades, sim mentiras verdadeiras! Antagonismo? Não realidade! Criaram tantas mentiras que eles próprios já não sabiam mais o que era verdadeiro e pessoas leigas na política, jovens e até idosos, pessoas boas, mas que nunca foram defensoras de “políticos” e ou de suas macabras ideias, passaram a ser protagonistas de um Brasil imaginário, assim como um machado cujo cabo nem imagina que um dia ele foi a árvore que hoje está cortando. Passaram a defender a abertura de Escolas Militares, passaram a defender que “menino veste azul e menina veste rosa”, passaram a defender a Pátria, mesmo que os patriotas estivessem aos milhões entregues à fome, a defenderem a Família, num discurso hipócrita e mascarado de cristão; a defenderem Deus, um “deus acima de tudo e acima de todos” contrariando e contradizendo o que a Fé Católica e Evangélica, os Cristãos aprendem no berço, Deus é o Emanuel, é o Deus conosco, é o Deus que “ouve o clamor” de seu povo e vem à Moisés, faz morada no meio do povo para libertá-lo.

            Vivemos tempos sombrios, em que a mentira tomou posse de mentes vazias e as tornaram escravas delas mesmas, jogando-as nos manicômios, na tarja preta, na depressão, na desestabilização de lares e relacionamentos, tornando a Família Humana Brasileira doente.

            Diante deste contexto, o Papa Francisco apresenta os dois remédios, trazidos por Jesus no evangelho de João no capitulo 14, versículos 1-12.

            Por que os corações brasileiros estão (na tarja preta) perturbados? Jesus diz “não se perturbe o vosso coração” (v.1). Por que políticos quiseram transformar o povo em um “gado”, subtraindo-lhe a capacidade de reflexão substituindo o pensamento crítico por um raciocínio falso e o pior, defender aberrações sem respaldo científico deixando um rastro enorme de corações em sofrimentos e desilusão. Estas pessoas ficaram sem referências, sem noção da verdade, brigaram com seus próprios pares e amigos, rompendo anos de história.

            Ainda no versículo 1, do capítulo 14 do Evangelho de João temos o primeiro remédio: “Crede também em mim”. Sim, Jesus é o remédio, é o verdadeiro POLÍTICO, foi e é o único capaz de dar a vida por “suas ovelhas”. O momento político que levou e leva “á tarja preta” defendeu uma teocracia absurda, uma ideia de Deus que é favorável à riqueza e ao poder, ignorando Jesus como afirma o Salmista (Sl 113), vosso “deus, acima de tudo”:

Têm boca, mas não falam, olhos e não podem ver,

têm ouvidos, mas não ouvem; nariz e não podem cheirar.

Têm mãos, mas não apalpam; pés e não podem andar, sua garganta não emite

som algum.”

            Crer em Jesus, na reflexão do Papa Francisco, é tê-lo como modelo, Jesus nos pede para “termos fé n’Ele”. A Fé em Jesus nos cura dos “males do coração”. Precisamos da ajuda de Jesus para não cairmos nas ciladas dos falsos pastores e políticos idólatras que falam em deus e o defendem, mas não estão nem aí com o povo.

            Nossa força está em Jesus e não em nós mesmos e nos políticos verdadeiros lobos, vestidos de cordeiros. A libertação dos males do coração passa pela confiança em Jesus, em Jesus recuperamos a capacidade do ato criador de Deus Pai, quando nos colocou na Casa Comum, não para destruí-la e “abrir as porteiras”, mas para levá-la à plenitude: a ressurreição. Assim afirma o Papa Francisco:

“E esta é a libertação da perturbação. E Jesus ressuscitou e vive precisamente para estar sempre ao nosso lado. Então podemos dizer-lhe: JESUS, EU CREIO QUE RESSUSCITASTE E QUE ESTÁS AO MEU LADO. PENSO QUE ME OUVES. APRESENTO-TE O QUE ME PERTURBA, OS MEUS PROBLEMAS: TENHO FÉ EM TI E ENTREGO-ME A TI”.

            O texto do Santo Padre, no Regina Caeli do dia 10/05/2020, como acima referido é lindo, profundo e dá respostas às mais diversas angustias do coração humano. O Santo Padre, o Papa Francisco, falou e fala a todos, mas sobretudo aos que estão, eu digo, na “tarja preta” aos que entraram em depressão por conta de um político e suas inconsequentes ideias em vista do poder, do ter e do prazer. Estes políticos estão a serviço de forças econômicas neoliberais, que não estão nem aí com o povo brasileiro. Seu objetivo e exclusiva administração pública está a serviço deles próprios e da classe econômica dominante em nosso país.

            O segundo remédio apresentado pelo Papa, a partir do trecho do Evangelho de João, está a seguir integralmente escrito. Leia, ore, reflita e recupere sua capacidade critica e criadora vacinando-se contra mentiras tornadas verdades:

“Depois há um segundo remédio para a perturbação, que Jesus expressa com estas palavras: «Na casa do meu Pai há muitas moradas. [...] Vou preparar-vos um lugar» (v. 2). Foi isto que Jesus fez por nós: reservou-nos um lugar no Céu. Ele tomou sobre Si a nossa humanidade para a levar além da morte, para um novo lugar, o Céu, a fim de que, onde Ele estiver, estejamos nós também. É a certeza que nos consola: há um lugar reservado para cada um. Também há um lugar para mim. Cada um de nós pode dizer: há um lugar para mim. Não vivemos sem meta nem destino. Somos esperados, somos preciosos. Deus está apaixonado por nós, nós somos seus filhos. E para nós preparou o lugar mais digno e belo: o Paraíso. Não esqueçamos: a morada que nos espera é o Paraíso. Aqui estamos de passagem. Somos feitos para o céu, para a vida eterna, para viver para sempre. Para sempre: é algo que agora nem sequer podemos imaginar. Mas é ainda mais belo pensar que tudo isto será para sempre em alegria, em plena comunhão com Deus e com os outros, sem mais lágrimas, sem rancores, sem divisões nem perturbação.

Mas como chegar ao Paraíso? Qual é o caminho? Esta é a frase decisiva de Jesus. Hoje ele diz: «Eu sou o caminho» (v. 6). Para subir ao Céu o caminho é Jesus: é ter uma relação viva com Ele, imitá-lo no amor, seguir os seus passos. E eu, cristão, tu, cristão, cada um de nós cristãos, podemos perguntar a nós mesmos: “Que caminho sigo?”. Há caminhos que não levam ao Céu: os caminhos da mundanidade, os caminhos da auto-afirmação, os caminhos do poder egoísta. E há o caminho de Jesus, o caminho do amor humilde, da oração, da mansidão, da confiança, do serviço aos outros. Não é o caminho do meu protagonismo, é o caminho de Jesus, protagonista da minha vida. É ir em frente todos os dias perguntando-lhe: “Jesus, o que achas desta minha escolha? O que farias nesta situação, com estas pessoas?”. Far-nos-á bem perguntar a Jesus, que é o caminho, as indicações para o Céu. Que Nossa Senhora, Rainha do Céu, nos ajude a seguir Jesus, que abriu o Paraíso para nós.”

            E, então?

            “Não se perturbe o vosso coração”!

            Jesus é o caminho, caminhe no amor, na oração, na humildade, na mansidão, com confiança e no serviço aos outros.

            E, muita atenção!

            Isto tudo, já nesta vida. Na Construção de uma Sociedade Justa, Fraterna, Solidária, para como Maria, cantarmos (Lucas 1, 50-55):

“Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem.

Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos.

Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes.

Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos.

Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre”.

 

José Antonio Galiani

“Discere et Docere”

 

Links no texto, foram acessados em 30/06/2023.

quinta-feira, 22 de junho de 2023

Luan Augusto e Karoline Verri Alves!


Luan e Karoline, mais uma tragédia!

            Jovens assassinados no espaço de aprendizagem Escolar. Mais uma? Sim, mais uma, afinal temos ouvido e visto tantas tragédias dentro das Escolas Brasileiras que nos deixam estarrecidos.

            Violência, violência! Como entender, como explicar?

            Na manhãzinha de hoje, dia 19 de junho, muito frio, enquanto passeava com o Leleko, subitamente uma moto parou na frente de um carro, o motoqueiro desceu e se dirigiu à porta do automóvel. Observei que ele gesticulava e falava grosseiramente até que, em pé próximo da porta do automóvel aberta, bateu com o capacete na porta e empurrando o motorista retirou a chave do carro. Recolheu o capacete do chão, funcionou a moto, estacionando-a.

            Retornou ao automóvel pelo lado do motorista gesticulava e falava descontroladamente, quando então desceu uma mulher. Ele entrou, deu partida no automóvel e saiu em velocidade. Ela de cabeça baixa, olhou para os lados e cabisbaixa tomou rumo contrário ao do carro que dirigia, e caminhou. O que acontecera? Violência, violência!

            Qual a diferença entre a violência narrada no episódio acima e a tragédia em Cambé PR? Qual a diferença entre as mais terríveis tragédias, vividas pelo ser humano, das ásperas palavras violentas, agressivas e desmedidas que proferimos em nossas relações diárias? Qual a diferença entre uma capsula desaparecida (submarina) em direção ao Titanic e às dezenas de vidas perdidas em naufrágios em nossos Rios amazônicos? Seria a VIDA farinha do mesmo saco?

            Por que a violência incomoda quando é com a gente e, ou com pessoas próximas ao nosso círculo de amizade? Não deveríamos nos incomodar e repudiar a VIOLÊNCIA por si só quando atingi o ser humano? O que dizer da violência que destrói a CASA COMUM? O que dizer da violência politiqueira que destrói a Democracia? Violência, sempre será violência! Uma não é mais, nem menos que a outra!

            Não é para menos estarmos chocados com a morte de dois jovens dentro da Escola no município de Cambé - PR. As informações sobre os jovens nos indicam que eram e seriam dois bons cidadãos. Como entender tão grande perda? Como aceitar tamanha brutalidade? Quem é responsável por isso? Quem é o monstro, o ser que praticou tal atrocidade? Tão chocante sua atitude, como chocou a informação de ele ter sido encontrado morto na Casa de Custódia de Londrina na noite do ato praticado dentro da Escola.

            Nosso país tem que se redimir da mentira de que "arma protege", nosso país tem que se redimir pela falta de Políticas Públicas, nosso País tem que se redimir da omissão de autoridades que deveriam defender e proteger os brasileiros!

            Quem de nós já precisou de serviços da Polícia, do SAMU entre outros e não ficou horas e horas esperando o socorro solicitado?

            Estamos entregues ao NADA, estamos vivendo tempos em que um clik nos aproxima de tudo e de todos, mas ao mesmo tempo nos tira a vida.

            Nascem os brados pela justiça, os gritos de uma sociedade sufocada pelas armas que ela própria financia. Floresce a fome e sede de justiça, mas uma justiça com teor de vingança e uma fome como opção de vagabundos.

            É preciso que o sangue destes jovens fecunde a alma dos jovens que ainda restam, para que eles sonhem, acreditem e façam de suas vidas um instrumento de Paz.

            Assim como o sangue dos mártires fecunda a UTOPIA de milhares de homens e mulheres na luta pela Terra, Teto e Trabalho, o sangue dos jovens mortos devem frutificar na Luta por uma Educação Pública de qualidade, por uma Escola Educadora e Libertadora de tudo que gera violência, discriminação, desigualdade e pessoas escravas delas próprias!

            O momento é de SOLIDARIEDADE é de COMPAIXÃO com todos os que sofrem pela morte dos dois Jovens Cambeenses! É momento de gerar uma consciência solidária, diária, com os familiares de mais de 100 brasileiros que são mortos todos os dias por arma de fogo.

            Unamo-nos em oração a todos os que sofrem pela morte de uma das tragédias que comove o País. E como São Francisco de Assis oremos:

“Senhor,
Fazei de mim um instrumento de vossa Paz.
Onde houver Ódio, que eu leve o Amor,
Onde houver Ofensa, que eu leve o Perdão.
Onde houver Discórdia, que eu leve a União.
Onde houver Dúvida, que eu leve a Fé.
Onde houver Erro, que eu leve a Verdade.
Onde houver Desespero, que eu leve a Esperança.
Onde houver Tristeza, que eu leve a Alegria.

Onde houver Trevas, que eu leve a Luz!

Ó Mestre,

fazei que eu procure mais:

consolar, que ser consolado;

compreender, que ser compreendido;

amar, que ser amado.

Pois é dando, que se recebe.

Perdoando, que se é perdoado e

é morrendo, que se vive para a vida eterna!

Amém”

José Antonio Galiani

Educador


 

quarta-feira, 31 de maio de 2023

RENÊ ROLDAN: homem de 24 quilates!

 

RENÊ ROLDAN: homem de 24 quilates

“Homem de quilate sem medida cuja presença na terra só engrandeceu o ser humano”, com esta frase, dita pelo amigo Rene Roldan, no texto que escreveu sobre Padre Pio, no livro UM HOMEM E UM SANTO, p. 163, inicio meu tributo.

Não há dúvidas que és um homem de 24 quilates, quem o conheceu que o diga! Conheci Renê Roldan quando cheguei em São Paulo, nos idos anos de 1991, na Paróquia São João Batista onde ele era grande líder.

Quando vi Renê pelas ruas com um carro falante recolhendo alimentos, roupas e doações inspirado e movido pelo Herbert de Souza, o Betinho, na Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida me encantei!

Na Paróquia São João Batista foi catequista e Coordenador de Catequese da Primeira Comunhão, que retidão de Fé, de compromisso e educação na Fé de muitas crianças. Não uma Fé que vê anjos por cima do altar e por todos os lados, mas uma Fé encarnada, assim como o Verbo Divino que se faz homem e habitou entre nós.

Um Ministro Extraordinário da Eucaristia, não conheço um ministro que tenha a dimensão de serviço que ele teve. Não tinha no seu ministério a pretensão de reduzir o Padre e muito menos ser o Padre, como muitos o fazem. Homem apaixonado pela Eucaristia, devoto do Corpo e Sangue de Cristo no homem e na mulher sofredores pelas mazelas governamentais.

Um líder cristão católico que compreendeu seu papel Leigo na Igreja e no Mundo, mas que não foi compreendido, ou foi e por isso na Comunidade paroquial seu espaço ficou pequeno.

Atuante em vários movimentos e pastorais em nossa Região Episcopal Belém da Arquidiocese de São Paulo.

Um homem de 24 quilates, com uma capacidade leitora exemplar; suas inquietações eram sempre com os mais necessitados, com o Planeta e com sua Igreja, entregue ao pentecostalismo e desencarnada da realidade do Povo de Deus.

Seus sonhos eram da cor do seu sangue, como eram suas escolhas políticas. Inconformado, uma de suas características, não se conformava diante das adversidades e muito menos se submetia facilmente ao que se impunha como verdade, porém, desrespeitando o Leigo, o Líder e o Povo de Deus e todos os cidadãos. Um revolucionário de si mesmo, buscando se reinventar a cada tempo, mas sempre no tempo das necessidades sociais, políticas e econômicas que assolam o povo.

Renê Roldan, um homem de 24 quilates, na sua amizade eu me inspirava, no seu acolhimento eu me sentia filho, irmão, pai, amigo e sonhador! Vivemos juntos a UTOPIA do Reino de Deus, hoje você já saboreia dessa alegria e o que é muito bom, junto com Pedro Casaldáliga, Ir. Dorothy Stang, Chico Mendes, Pe. Josimo, Padre Ezequiel Ramin, Dom Luciano, Flávio Castro, Padre Pio, Irmã Nadir e tantos e tantas que sonhamos juntos um mundo centrado no homem e não no lucro, centrado na pessoa e não no consumo, centrado na Terra e não em sua exploração.

Já está fazendo falta e sempre fará, mas na Fé da Comunhão dos Santos alimentamos nossa certeza de que do Céu olha por nós. Meu amigo e irmão, meu mestre, já que fostes primeiro que eu, sua tarefa é árdua, prepare por aí meu lugar e, eu aqui ainda, preparo minha ida para juntos vivermos a alegria de nossa Fé no Ressuscitado. Até breve!


José Antonio Galiani

08/08/2022

sábado, 20 de maio de 2023

 Ser Pedagogo ultrapassa a dimensão do ato de ensinar. 

Quando jovem vivemos o SER PEDAGOGO como o ATO DE PROFESSORAR, como o ATO DE GESTAR uma Instituição de Ensino.

Com o TEMPO aprendemos que o SER PEDAGOGO é um ATO que não está no professorar e muito menos em ser tutor nos processos de aprendizagem de crianças e jovens. O TEMPO  e a VIDA  ensinam que o PEDAGOGO não dá aulas, que o PEDAGOGO não é coordenador de Instituição de Ensino, que o PEDAGOGO não é gestor/ceo. Ser Pedagogo é imprimir no corpo e na alma o ato de aprender o que ensina, esta experiência de aprendizagem não se limita a formação acadêmica, vai além, ultrapassa os muros escolares, inclusive os muros virtuais de uma educação on-line e se dá no exercício do existir. O PEDAGOGO, antes de tudo, é HUMANO, condição sem a qual não será Pedagogo! Para definir o Pedagogo, sempre gostei da analogia do adulto que corre ao lado da criança que está aprendendo a andar de bicicleta. Corre ao lado para dar segurança, até que domine o equilíbrio e, então, deixa a criança correr só! Hoje, sem menosprezar esta belíssima analogia, digo que SER PEDAGOGO é aprender a "andar de bicicleta", assim como a criança aprende. Com o TEMPO aprendemos que SER PEDAGOGO é olhar para o mercado de trabalho e dizer sou PEDAGOGO, olhar para as Universidades e bradar sou PEDAGOGO, olhar para si mesmo e APRENDER que ser PEDAGOGO não é ser um ensinante, mas um aprendente, sempre! Parabéns aos PEDAGOGOS, aos humanos aprendentes. Que nós PEDAGOGOS saibamos pelo ATO DE ENSINAR, a APRENDER, nisto consistirá nossa ALEGRIA!


terça-feira, 25 de abril de 2023

 







Dia 25 de abril, Clélia Thereza Ciambroni Galiani,

minha mãe 

completou 85 anos de vida.


 Ela tinha só 24 anos e 11 meses quando nasci. Fico a imaginar o que significou para ela, tão jovem ser minha mãe. Certamente uma alegria, afinal dos três outros filhos, sou o caçula, sempre o xodó e “mais bonitinho”. Mas ao mesmo tempo a experiência com os três primeiros, a deixava mais tranquila com meus choros e dengos, não adiantava espernear, tinha que esperar!

Mãe só tenho gratidão para lhe oferecer. Hoje pensei em tantas coisas que a senhora me proporcionou, lembranças das boas, das melhores que até me fizeram chorar de alegria por tê-la como minha mãe.

Vou dizer de duas coisas que hoje refleti bastante: da senhora aprendi a amar a Deus e Nossa Senhora, aprendi a ir à Igreja. Que benção, que grande aprendizado e herança a senhora me deu. Deus lhe retribua por me ensinar a Amar a Igreja Católica Apostólica Romana e o Santo Evangelho de Jesus Cristo!

Um outro aspecto que muito pensei hoje foi sua garra, sua determinação no que diz respeito ao sustento de nossa família: como a senhora trabalhava, como a senhora lutava, como a senhora nos ensinou a ser responsáveis, a colocar comida dentro de casa, a ser responsável com nossas dívidas, a trabalhar, lutar sem desanimar. A senhora me ensinou a trabalhar com responsabilidade e dedicação. Obrigado mãe por ter sido este modelo de trabalhadora, de uma mulher guerreira para manter, sua casa e seus filhos, sempre no caminho do bem.

Estar com a senhora no dia de hoje sempre foi meu desejo, mas minhas escolhas não permitem e olha que já faz tempo isso né? Mas estamos sempre em sintonia pela oração e pelos telefonemas rsrsrs. Louvo e agradeço a Deus pelo dom de sua vida e apesar, de suas dores e sofrimentos Ele a cumula de bênçãos e vida. Que seja sempre assim! Peço a Deus para que seu coração esteja sempre na paz e que não lhe falte sabedoria nos momentos de solidão. Peço a Virgem Maria, Nossa Senhora, que com seu coração de mãe de Deus e nossa, esteja sempre presente em teu coração para que te conforte quando parecer estar sem forças. 

Te amamos minha mãe, talvez não do jeito que a senhora queira, mas do nosso jeito! 

Feliz e abençoados oitenta e cinco anos, NOSSA mãe!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

 

Fé e Política: o resgate do sentido humano de ser

            O Curso Fé e Política da Escola Fé e Política Waldemar Rossi, de 2022, na Região Episcopal Belém, Arquidiocese de São Paulo foi uma escolha que fiz na busca de abrir horizontes de reflexão e ação em uma nova conjuntura de vida: aposentadoria e sem nenhum vínculo com trabalho e remuneração.

            Na história pessoal de Vida, venho de uma realidade vivida em realidades diferentes, com fins/objetivos diferentes: de 1979 a 1991 (12 anos) vivi a formação para a vida religiosa e sacerdotal, deixando o exercício do Ministério Sacerdotal ainda muito jovem. Iniciei uma nova etapa de vida, trabalhar para sobreviver, sem perder a identidade religiosa de viver. Novas experiências, profissão e desafios com moradia, cultura, lazer e prazer. Namoro, noivado e casamento, já há 25 anos. Sempre novas realidades de vida vividas em realidades diferentes. Agora, aposentado, uma nova realidade.

            Seriam as realidades os territórios tão falados na EFPWR?  Nascem novas inquietações para mim, realidades e territórios remetem a espaços definidos, fixos, demarcados e por vezes limitadores. A utopia nascida ainda em 1980, quando o então Papa João Paulo II, hoje São João Paulo II, diante da multidão de jovens em BH disse olhando para os jovens “que belo horizonte”, está ofuscada.

            No percurso das aulas da EFPWR, sempre magnificas nos temas, no desenvolvimento, na participação dos colegas e na condução da Coordenação, luzes cintilam. Dou início a um exercício de “aluno”, sem luz e coloco-me como estudante, como aprendente. Foi um movimento indispensável para crescer.

            Os horizontes que busquei ao me matricular para fazer o Curso, onde fui professor se manifestaram em falas simples nascidas da prática, da vida e não dos livros. Lá pelo meio do curso comecei a organizar meu território, ou seja, minha realidade interna do que buscava e, encontrei na fala da Erundina, em 21 de fevereiro, na aula Magna, a magnitude do que eu buscava: SER HUMANO, nos diferentes territórios de minha existência. Ela disse: NÃO HÁ FÉ SEM POLÍTICA, NÃO HÁ POLITICA DECENTE SE NÃO FOR INSPIRADA EM VALORES HUMANOS.

            Passei então a me esforçar para sair do funil inicial e colocar-me em um movimento dialético, espiral e crescente. Diante de todos os temas abordados ao longo das aulas faço a seguinte síntese, ainda na busca de horizontes, isto porque construo uma constante busca da relação fé e política. Nesta construção e busca constante trago para minha conclusão do Curso na EFPWR de 2022 uma premissa indispensável.

            Em Hannah Arendt, no seu livro Entre o passado e o futuro, publicado em 1954 está a premissa: “[...]a essência da educação é a natalidade, o fato de que seres humanos nascem para o mundo”, aqui encontrei uma luz para minha experiência nos novos territórios que passei a viver. A natalidade a que se refere Arendt é a que brota do conflito vivido em sociedade, uma vez que esta é uma colcha de retalhos de diferentes culturas e é onde se dá o existir humano.

            A concepção de SER HUMANO, por ela trabalhada, é o homem como parte do todo, que prima como um ser político e para tal requer a Fé que desencadeia a ética, os princípios e valores que norteiam as reflexões e ações.

            Nessa perspectiva de crer e “politicar”, podemos questionar sem sombra de dúvidas, as práticas de fé e políticas adotadas no Brasil e, então propor a humanização da Fé e da Política. É preciso deixar nascer caminhos que superem os limites impostos pelo social, pelo econômico, pelo religioso e pelo político de maneira que a arte do bem comum trilhe um caminho constante de construção e desconstrução, assim como o humano é, ideia que ecoa na literatura de Guimarães Rosa ao conceituar o humano: "Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão" (ROSA, 1986, p.21).

            Os dias atuais exigem um movimento constante de construção de horizontes e estes não podem incorporar regras estáticas como no passado próximo que engessou o SER HUMANO pelos dualismos vividos – razão/fé, corpo/alma, direita/esquerda. A superação dualística de ser nos faz mais humanos ainda.      Nasce o compromisso de todos que acreditam no tesouro humano que é a humanidade: é preciso saber que a Fé e a Política é o antídoto contra a banalização e a mediocridade; porém, é também necessário cuidar para que o cotidiano não nos engane, disfarçando-se de bem comum e bom para todos.

            O resgate do sentido humano de ser, pela Fé e pela Política está nas práticas de solidariedade, humanização, justiça, respeito ao diferente, na resiliência, na empatia, no acolhimento e na ruptura com as estruturas sociais e até individuais, que alienam e nos fazem cegos diante de tanta dor e sofrimento humano.

            O olhar pela Fé e pela Política, quando não passa pela NATALIDADE, com diz Arendt, perde sua humanidade e consequentemente nos faz incapazes de reconhecer Deus e seus atributos, impossibilita-nos de saber o HUMANO QUE SOMOS e com isso negamos a alteridade e na diversidade não respeitamos os diferentes.

            Um olhar pela Fé e pela Política que privilegia a promoção da vida e do bem para todos, nos aproxima de Deus e da construção de uma sociedade de iguais na diversidade. Desta forma, como SER HUMANO que somos, a Fé e a Política promovem uma busca incansável pelo sentido do existir que não se esgota em SER, em TER mas em FAZER feliz, fruto do “conflito em sociedade”, como diz Hannah.

            O Curso Fé e Política, da Escola Fé e Política Waldemar Rossi, proporcionou refletirmos sobre a importância da Fé como iluminadora dos desafios no território que estamos, e esta ação, que é Política, nos faz “Ser Humano”, ou seja somos o sujeito de nós mesmos e estamos em processo de realização, e, responsáveis pelo território em que vivemos. O exercício da fé e da política é mais que cumprir direitos e deveres é acima de tudo, o interesse pelo bem do todo.

            Gratidão a todos os gestores da Escola Fé e Política Waldemar Rossi, aos docentes e aos colegas que ao longo de 2022 me desafiaram pela fé e política a resgatar o sentido humano de ser, contribuindo na construção da CASA COMUM, com suas diferentes estruturas sociais, porém politicamente correta: ser uma CASA PARA TODOS.

 

Referências

 

ALMEIDA, Custódio Luís S. “O cotidiano”, in: Revista de Educação da AEC, p. 7-15, ano 29, nº 117, out/dez 2000 – Brasília 2000.

 

ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro (Between past ande future – 1954) Tradução de Mauro W. Barbosa de Almeida. São Paulo: Editora Perspectiva, 2000.

 

ROSA, João Guimarães. Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

 

José Antonio Galiani

(11) 94807-9693

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segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Sinto um alívio!

 

Sinto um alívio! O dia, após as Eleições Gerais, amanheceu em meu País:

1.       O resultado da Eleição me impõe fazer um tributo a dois amigos, entre tantos, que foram mortos pelo Covid-19. Trago à memória o Líder Flávio Castro e o Padre Francisco Pio Dantas, SAC e com eles todos os mortos pela omissão e negacionismo imperado pelo Governante em nosso país!

2.       Lembro-me de todos os professores, sofremos todos! Se ter professores “atrapalha” um governo, digo: TENHO ORGULHO DE SER UM PROFESSOR. Durante a pandemia nós professores não ficamos em casa para não trabalhar ou para atrapalhar o aprendizado das crianças, ficamos em casa para proteger e por defendermos a VIDA!

3.       Estou satisfeito com o resultado das eleições, ao menos não terei que ouvir do Presidente do meu País, absurdos em relação ao GRANDE EDUCADOR Brasileiro: PAULO FREIRE!

4.       Sinto um alívio, como cristão Católico, de ver derrotado os grupos e movimentos nascidos para defender um Catolicismo desconexo do tempo que está, um Catolicismo reacionário, um Catolicismo moralista contra os próprios Católicos. Que vergonha ver “lideres católicos” defendendo e propagando mentiras em defesa de “falsos políticos e cristãos”.

5.       Meus irmãos cristãos Evangélicos, sempre os admirei pela assídua leitura da Palavra de Deus, mesmo os fundamentalistas, mas me envergonha ver vossos “líderes” se candidatando, não preocupados com o bem de todos, mas preocupados em compor bancadas e defender interesses econômicos. Tenho vergonha de vê-los manchando a Fé em Jesus Cristo pela troca de barras de ouro.

6.       Estou aliviado pelo basta dado aos MORALISTAS, homens e mulheres de bem, defendendo princípios sem princípios. Defendem a Vida, são contra o aborto, mas apoiam uma política armamentista. Armas matam!!!

7.       Quantas novenas à Nossa Senhora pela Pátria. Quantos terços rezados pedindo a proteção do Brasil. Só se esqueceram que Maria, a Nossa Senhora, está do lado dos humildes, por que o “fiat voluntas tua” dela, é para o Deus que derruba dos tronos os poderosos e exalta os humildes. O Deus dela é o EMANUEL, Ele está no meio de nós e não “acima de todos”.

8.       Quantos Católicos de joelhos dobrados diante do Santíssimo Sacramento Eucarístico, não para adorá-lo, mas para usá-lo politicamente. Que vergonha ver freis, freiras, padres, bispos percorrendo as Igrejas com o ostensório e os fiéis pedindo a cura do Brasil, na verdade pediam que o “Dragão” vencesse esquecendo-se que a Eucaristia é o “Pão Vivo descido do Céu para dar Vida ao Mundo”. Que vergonha ver a profanação do Círio de Nazaré e a Casa da Mãe Aparecida; vergonha maior é ver Católicos “cegos e surdos”, porém não “mudos” falando e defendendo uma política excludente, preconceituosa, desrespeitosa, fascista!

9.       Sinto um alívio por ver que o País pode renascer, não pelo líder eleito, mas pela oportunidade que teremos de exercer a cidadania, de termos acesso à cultura, ao lazer. A eleição de um NOVO PRESIDENTE, coloca o Brasil num patamar de diálogo internacional jamais visto, voltaremos a ter crédito, voltaremos a dar crédito com nossa riqueza científica, cultural, econômica e natural, sem necessariamente privatizar nossas riquezas. Alegria em ter um Governo que governa para os menos favorecidos, o que não exclui os que tem mais.

10.   Envergonhava-me ouvir, referências aos venezuelanos e outros que encontraram aqui uma alternativa para aliviar seu sofrimento, que o Brasil caminha para a mesma situação destes países. Sim, caminharíamos se o fascismo continuasse a frente do Brasil. Como sinto vergonha de eleitores do derrotado, dizer que o melhor é sair do Brasil, tentar a vida lá fora, perderam o amor pela camisa amarelinha? Ou nunca vestiram esta camisa?

 

                Passaria horas escrevendo pontos de vista que me fazem feliz no amanhecer de hoje, um dia após a eleição geral no meu país; mas vou parando, até porque ideias e palavras são como palhas ao vento e minhas opiniões podem ser bem lidas, vistas e interpretadas, mas conforme o vento serão objetos de desrespeito, de preconceito e taxação.  

                Termino fazendo uso da Declaração da minha Igreja na voz da CONFERENCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL:

“Todos possam caminhar unidos para a construção da política melhor, aquela que está a serviço do bem comum, conforme define o nosso amado Papa Francisco. São os votos da CNBB. É o que suplicamos em preces para o nosso país”.

(https://www.cnbb.org.br/presidencia-da-cnbb-o-exercicio-da-cidadania-nao-se-esgota-com-o-fim-do-processo-eleitoral/; acesso em 31/10/22)

 

31/10/2022

José Antonio Galiani

(Professor Galiani)

sábado, 1 de agosto de 2020

EDUCAÇÃO REMOTA


EDUCAÇÃO REMOTA!
Disrupção na rotina escolar. Um susto, uma catástrofe nas escolas. De um dia para o outro tudo pareceu destruído, aniquilado, às pressas pensar atividades escolares para serem feitas pelas crianças em casa, até que tudo passe. O decreto de Pandemia pelo novo coronavírus -  COVID-19 abriu nas instituições de ensino um buraco, como que se tudo estivesse sem rumo, sem norte, sem o processo rotineiro das escolas. E agora, sem a escola o que e como será? Escola não é sinônimo de estudo e aprendizagem.
O que foi para muitas instituições propaganda para ganhar clientes, agora é desafio e momento de tirar do papel e da gaveta a tão falada tecnologia. A pandemia obrigou as instituições de ensino a mergulharem a educação escolar num processo dinâmico e profundo com recursos tecnológicos.
O uso de plataformas digitais, interligadas pela Internet, impõem um novo formato para o processo ensino aprendizagem. Professor e estudante, distantes e interligados, necessitam se reinventar, ambos são protagonistas no ato do ensinar e do aprender. Com essas novas perspectivas tecnológicas a educação torna-se interativa, participativa, flexível e acontece onde o aluno está, longe da sala de aula e até do livro didático.
Nesse contexto está a provocação a que me proponho: refletir o papel do professor versus estudante. Não como digladiadores, como se fossem opostos devendo um vencer o outro. O professor não está mais posto pelo que estudou, pelo que sabe e ensina, mas pela sua flexibilidade, criticidade, criatividade e capacidade de interagir à distância na construção do conhecimento. (VALENTE, 1996, p. 5-6).
Proponho ideias sobre tão importante e nobre essência, o professor, em tempos que parece ser dispensável e substituível pela máquina e tecnologias.
Hoje mais do que nunca temos no professor a certeza de que o conhecimento e o saber são apropriados pelo homem na medida que ele estabelece relações entre si e com a realidade que o cerca; esta construção do conhecimento se dá mediada por elementos, por ideias ou realidades que estabelecem vínculos e respondem às indagações da vida e história do homem.
Em todos os tempos a relação professor x estudante se processa pela comunicação, hoje mediada pela tecnologia. Estas fizeram surgir novas configurações de escola, de professor, de estudante e de sala de aula, sobretudo o papel do professor. Este emergiu como desafio e sempre reflexivo, como uma figura essencial no processo ensino aprendizagem. Ele não é mais o que sabe para ensinar, senão um pesquisador que aprende ensinando a pesquisar e a aprender. Ao mesmo tempo que a aulas remotas se caracterizam pela autonomia acadêmica de quem dela se utiliza, faz dos sujeitos no processo do aprender, professor x aluno, co-criadores num processo reflexivo e dialógico tornando o conhecimento patrimônio de todos, irrestrito e não manipulado em favor de poucos. Aqui não se pode negar que uma parcela significativa de estudantes não tem acesso à tecnologia e à Internet, o que exige outra reflexão.
As novas tecnologias empregadas no processo ensino aprendizagem exigem do professor e do estudante um perfil e papeis delineados pela autonomia centrada no indivíduo, motivo desta provocação. Ambos, professor e estudante, estão sob o ponto de vista humanista. Assim o papel do professor no processo ensino aprendizagem, na educação remota é exercitar e basear a aprendizagem em conteúdos significativos e na resolução de problemas como reflete Formiga (2009, p.44):
“Aprender é praticar um processo contínuo de opção, que começa pelas fontes dos conteúdos. Nesse processo criativo e inovador do exercício docente, desaparece a hierarquia do saber e a pretensão de superioridade intelectual dos mestres. O aluno/aprendiz passa a dispor de acesso generalizado ao conhecimento, facilitado pelos meios de comunicação e tecnologias inteligentes, que se apresentam sob a forma de uma equalização de oportunidade, igualmente oferecidas e disponíveis aos professores”.
Pelo humano que são, professor e estudante, na educação remota agregam ao seu perfil a identidade de sabedor do que ensina e tornam-se aprendentes. Se professor e estudante não estiverem no nível de similaridade no processo remoto escolar, tornam-se irrisórios reproduzindo uma experiência inócua e vazia, para ele próprio e para seus estudantes.
O professor é o mediador na construção do conhecimento pelo aluno. Hannah Arendt, em seu livro Entre o passado e o futuro, faz uma afirmativa que corrobora a identidade do professor na educação remota e, ao mesmo tempo, lança para nós um desafio, diz ela: “a essência da educação é a natalidade, o fato de que seres humanos nascem para o mundo”, daí o professor de educação remota não ser reprodutor, senão o ‘parturiente’ que dá ao mundo do estudante e faz do mundo, objeto de estudo e espaço para realização do ser humano, que é o estudante, que nasce pelo conhecimento. Assim a educação remota desafia o professor e contribui para que abra novos horizontes em sua prática pedagógica na aprendizagem dos estudantes.
Consciente de seu papel em tempos de pandemia, o professor pode dizer, como disse o grande educador Paulo Freire (1996, p.126):
“Se a educação não é a chave das transformações sociais, não é também simplesmente reprodutora da ideologia dominante. O que quero dizer é [...] O educador e educadora críticos não podem pensar que, a partir do curso que coordenam ou do seminário que lideram, podem transformar o país. Mas podem demonstrar que é possível mudar. E isto reforça nele ou nela a importância de sua tarefa político-pedagógica”.
Fica, pois, a provocação para o presente e futuro: investir, refletir e contribuir para que a prática do professor, mesmo que remoto, seja um espaço de confiança, de diálogo, de respeito, de tolerância, de zelo, de liberdade, de compromisso, de autoria, de autonomia e reponsabilidade. Prática esta que torna o estudante confiante, autônomo, livre, comprometido, autor, responsável por si e pelos outros.
              
Sugestão para leitura:
ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro (Between past and future - 1954) Tradução de Mauro W. Barbosa de Almeida. São Paulo: Editora Perspectiva, 2000.
DEMO, Pedro. Educação hoje: “novas” tecnologias, pressões e oportunidades. São Paulo: Atlas, 2009.
FORMIGA, M. M. M. e Fredric Michael Litto (orgs.), Educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
RUMBLE, Greville. A gestão dos sistemas de ensino a distância. Tradução de Marília Fonseca. – Brasília: Editora Universidade de Brasília: Unesco, 2003.
VALENTE, J.A. (1996). O papel do professor no ambiente Logo. In: Valente, J.A. (Org.) O professor no ambiente Logo: formação e atuação. Campinas, Gráfica da UNICAMP. p. 01-34.


domingo, 24 de maio de 2020

Na calada da noite as mataram!

Iniciamos o ano da Encíclica Papal Laudato Si (2015) e trago como pano de fundo a fala do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que defendeu em reunião ministerial no final de abril (22/04/2020) que o governo federal aproveite a crise sanitária do novo coronavírus para aprovar reformas infralegais, incluindo alterações ambientais.

Nesse cenário de desmonte, por este Governo aí posto, das conquistas e acordos internacionais em defesa da Vida Humana e da Casa Comum a Igreja convoca homens e mulheres de boa vontade e exorta: é necessária uma “revolução cultural corajosa” que mantenha em primeiro plano o valor e a proteção de toda vida humana, porque a defesa da natureza “é incompatível com a justificativa do aborto” e “o abuso de qualquer criatura é contrário à dignidade humana”.


O Papa também reitera a necessidade de tutelar o trabalho, parte do significado da vida nesta terra, e pede o diálogo entre política e economia, em nome do bem comum. No âmbito internacional, o Pontífice não poupa um julgamento severo sobre as cúpulas mundiais relativas ao ambiente que decepcionaram as expectativas por falta de decisão política. No âmbito nacional, no entanto, Francisco exorta a política a sair da lógica do lucro imediato e da corrupção, em nome de processos de tomada de decisão honestos e transparentes. Em essência, o que é necessário é uma nova economia, mais atenta à ética.


A nova Cultura pedida pela Laudato Si se faz de dentro de cada um, para o bem próprio, para o bem do outro e da casa comum. Esta nova Cultura requer mudanças de dentro para fora, do micro para o macro, do eu para o nós, do lucro para o bem de todos. 

Compartilho fotos de algo doloroso na Selva de Pedras, capital paulista. No mês de novembro de 2019 tentaram matá-las com instrumentos discretos, como pede o Ministro, não conseguindo, na calada da noite, maio de 2020 as mataram. Se assim se faz com árvores, o que não serão capazes de fazer com os humanos!














José A. Galiani
24 maio 2020

sábado, 25 de abril de 2020

Feliz e abençoado aniversário minha mãe.

Hoje a mulher cuja beleza não tem igual, faz 82 anos de vida; minha mãe Clélia T. Ciambroni Galiani. Que coração de mãe, que personalidade de mulher! Garra, fibra, força, coragem e tudo o que existe de positivo em uma mulher ela possuí. Chega aos 82 anos com as dores, que o tempo lhe proporcionou. Vive em sua casa enorme, só, como sempre diz: eu e Deus. Casa limpa, cheirosa, cada peça, cada objeto um valor imensurável, até mesmo o potinho de plástico guardado; se assim faz com as pequenas coisas imagine como guarda em seu coração cada um dos seus.
Gerou uma filha mulher e três filhos homens, estes lhe deram mais cinco filhos: um genro e quatro noras. A família cresceu vieram 8 netos que casando deram a ela mais cinco netos e desses nasceram 8 bisnetos que alegram a família! Gratidão ao Deus da vida tamanha bênção.


Minha mãe sabe e sabemos que sua vida para nos educar e criar não foi fácil. Costureira, plantava hortaliças e as vendia para não nos faltar nada. Sua dedicação aos filhos e netos não conheceu barreiras, quantas alegrias proporcionou para todos. Lembro-me de muitas coisas de nossa história, mas duas se faz necessário destacar: a Fé e a responsabilidade com o trabalho. Muito obrigado mãe por nos ensinar a amar a Igreja e o Evangelho de Jesus Cristo, a você somos gratos porque desde pequeninos nos colocou para trabalhar, hoje somos e chegamos onde chegamos, porque como Maria, ao pé da cruz, você esteve ao nosso lado. OBRIGADO mãe por tudo que deixastes de fazer e ser, para que pudéssemos ser e fazer.


Hoje, como sempre, há 47 anos, estou longe sem poder te abraçar, te olhar e te dizer: obrigado por me amar tanto. Posso dizer que não sou forte o suficiente para te amar como me ama, mas você é minha mãe e não há amor maior que esse. Feliz e abençoado aniversário mãe!