sábado, 3 de abril de 2010

Feliz Páscoa!

Feliz Páscoa!


     Hoje visitando um site de relacionamentos, uma dessas comunidades virtuais, li uma mensagem de Páscoa que me deixou arrepiado. Coisa rara ficar arrepiado ao ler uma mensagem! Tenho certeza que você também ficaria arrepiado. Não tenho a coragem de escrever o que lá li, porém lhe garanto a “feliz páscoa” que lá estava escrita não é nem de longe, o que realmente é a Páscoa. Por isso, peço licença e lhe desejo uma FELIZ PÁSCOA!

     No meu desejo de Feliz Páscoa está embutido, não o desejo de felicidade enquanto a possibilidade de realizar os sonhos próprios, mas a felicidade enquanto possibilidade de assumir nossa condição de filhos e filhas de Deus, que reconhecem em Jesus o rei da vida e faz da vida o que Ele fez e ensinou a fazer “eu vos dei o exemplo amai-vos uns aos outros”. Minha Feliz Páscoa para você está carregada do desejo de descobrirmos que o mundo que aí está precisa de homens e mulheres imbuídos da mais pura generosidade e que vivam sem o interesse pessoal, sem as disputas culturais, religiosas, econômicas e políticas.

     A Feliz Páscoa que lhe desejo está cravada na CRUZ de Cristo, com ele, que assumiu nossos pecados e de vez por todas levou para o sepulcro a morte e todo sofrimento decorrente dela. É no Cristo que reside a força contra o sofrimento; é do seu lado direito que jorra sangue e água; a água que sacia eternamente a sede, o sangue que fecunda a semente da fé. Água e sangue derramados no suor da luta de Cristo a caminho de sua morte é para nós sinônimo de Feliz Páscoa. Para todo aquele que compreende que o seguimento de Cristo se dá pelo seguimento da cruz, a Feliz Páscoa é vivida na alegria da morte. Morte do desejo de consumo, morte do desejo do prazer, morte do desejo do poder. Se com Ele morremos com Ele viveremos!

     A Feliz Páscoa que lhe desejo brota da certeza de que é no fracasso e no sofrimento que a Ressurreição é fecundada. O sepulcro está vazio constata Maria! O anjo questiona, porque procurais entre os mortos o que está vivo? Vem Tomé! Coloca tuas mãos nas minhas chagas! O sonho deixou de ser sonho! Ele, Jesus, o Cristo está vivo! Esta é a Feliz Páscoa que lhe desejo. Esse desejo está cheio de vontade de te ver sorrindo, de te ver sonhando, de te ver acreditando no reino da possibilidade; desejo te encontrar na luta, na dor, no sofrimento e no desespero. Te encontrar desesperado, com dor, sofrendo, porém, lutando até as últimas consequências. Não uma luta qualquer, mas uma luta que valha a pena, uma luta que é certeira, a luta pela Vida. Essa luta sim, é luta! E a certeza da vitória não está em nós, mas n´Ele que prometeu “a Paz esteja convosco”, “eu vos envio, ide!”.

     Esse é meu desejo de Feliz Páscoa para você. Que essa celebração de Páscoa alimente a realização não dos planos pessoais, mas dos planos que Ele nos reservou! Feliz e Santa Páscoa!


Fonte: minha fé, meu coração!

SEMANA SANTA - Sábado

SEMANA SANTA - Sábado


O sábado santo tem por excelência uma característica batismal. O tom litúrgico do Batismo nesse celebração remota ao princípio do cristianismo. Os cristãos se reuniam para uma última preparação dos que seriam batizados. Era momento de profissão de Fé, tinham acabado de aprender o CREDO e diante de toda comunidade, manifestariam essa fé. Celebração longa que se iniciava com o por do sol do sábado até o nascer do sol no Domingo da Ressurreição. Houve períodos que essa celebração aconteceu, sob forma abreviada na manhã do sábado. Foi Pio XII quem recolocou essa celebração em seu devido lugar, na noite do Sábado Santo. O costume de dizer “sábado de aleluia” é fruto desse período em que a vigília pascal acontecia pela manhã do sábado. Com a reforma de Pio XII a celebração do sábado recupera a dimensão de Vigília e projeta o “Aleluia da Ressurreição” para o domingo, mesmo sendo feita a Vigília no sábado. No Concílio do Vaticano II, com todas as reformas litúrgicas propostas a Solene vigília da Páscoa mantendo a tradição anterior é dividida em 4 partes:

1ª parte: a bênção do fogo novo;
Essa cerimônia começou a ser realizada de modo mais geral só a partir do século IX. No pátio, à entrada da igreja, acendia-se o fogo, usando pedras. Talvez inicialmente não fosse propriamente uma cerimônia, mas apenas um gesto normal, imposto pelas circunstâncias. Na quinta-feira, tinham sido apagadas todas as luzes da igreja. Era preciso reacendê-las para as funções noturnas. O meio normal para se conseguir fogo era o uso de pedras, uma vez que não dispunham de nossos meios modernos. A antiga tradição de acender a fogueira através do atrito entre pedras tem a ver com a alusão a Cristo, que é a pedra angular e que, do túmulo escuro de pedras, nasce como luz para o mundo. Aos poucos o ato foi sendo enriquecido com simbolismos. O que, aliás, não é de se estranhar: para os antigos o fogo era sempre um elemento misterioso. Era símbolo da vida, lembrava a divindade. Nada mais natural que esse simbolismo fosse aproveitado pelos cristãos. A própria oração da bênção do fogo diz-nos que "O Cristo é a pedra usada por Deus para acender em nós o fogo da claridade divina". Esse simbolismo, aliás, do Cristo que ilumina, aquece e é centro de vida, era mais claro ainda para os antigos. Isso porque, na Sexta-feira Santa, era costume apagar o fogão e todas as luzes das casas. Era no fogo novo que cada família acendia uma lâmpada para levar para casa e acender tudo de novo.

2ª parte a bênção do Círio Pascal;
Com o fogo novo, solenemente tirado da pedra e benzido, acende-se o Círio Pascal (vela grossa de cera), que é solenemente levado para dentro da igreja, que ainda está às escuras. O diácono/padre, que leva o círio, na entrada, depois no meio da igreja, e finalmente quase chegando ao altar, pára e canta alegremente: A LUZ DE CRISTO!
Isso já nos ajuda a perceber o que significa a cerimônia: glorificação alegre do Cristo que ilumina o mundo. A cada vez que o diácono/padre canta A LUZ DE CRISTO!, todos vão acendendo também suas velas na chama do círio. Em breve toda a igreja está iluminada por velas, que foram todas acesas na mesma chama. Cristo é a Luz, da qual todos os homens recebem a vida, a mesma vida em todos. O Círio Pascal é colocado ao lado do altar. Canta-se então uma das melodias mais belas de toda a música da Igreja: o Exultet – Alegre-se agora toda a multidão dos anjos dos céus... Não sabemos com certeza quando começou essa tradição litúrgica. O certo é que já encontramos referências lá pelo ano 384.

3ª parte a bênção da água Batismal;
Nos primeiros séculos da Igreja, era neste sábado que se fazia o Batismo dos que, durante um tempo mais ou menos longo, tinham sido preparados para a admissão na comunidade. Os que já tinham abraçado a fé cristã, mas ainda estavam recebendo a catequese, chamavam-se catecúmenos. Nessa noite de vigília recebiam as últimas instruções e ouviam com a comunidade leituras da Escritura apropriadas para a circunstância. Logo em seguida o bispo, rodeado pelos sacerdotes e acompanhado pelos catecúmenos e seus padrinhos, dirigiam-se para a fonte batismal, enquanto os fiéis permaneciam na Igreja. A fonte batismal geralmente estava colocada num ambiente separado, chamado Batistério. Durante muitos séculos a fonte batismal era como que uma pequena piscina, onde as pessoas podiam ser mergulhadas na água. Desde os primeiros séculos também, em alguns lugares a fonte estava colocada num local um pouco mais baixo que o piso do batistério, tendo ao centro uma coluna com um reservatório de água. Água que era abundantemente derramada sobre a cabeça dos neófitos (palavra grega que significa novas plantas).

Hoje, temos na Vigília Pascal nove leituras bíblicas, sendo sete do Antigo Testamento e duas do Novo Testamento (epístola e evangelho), que podem ser diminuídas por razões pastorais. Todas estas leituras são entremeadas por salmos ou cânticos, que devem ter, além da proclamação de seu conteúdo específico, a função de dinamizar e animar a assembléia celebrante. Há em algumas comunidades o costume de realizar o Batismo nesse momento; a comunidade também é aspergida com a água abençoada ritual que faz memória do batismo recebido pelos fiéis para fazer perceber o significado do batismo, pelo qual estão unidos à morte e à ressurreição de Cristo.

4ª parte a Missa de Páscoa.
É a maior solenidade do ano. Até o século XI, era só nesse dia que os simples padres podiam cantar solenemente o Glória a Deus nas alturas. Nesse momento do canto do Glória, como ainda hoje, novamente os sinos e os instrumentos musicais irrompiam numa grande explosão de alegria. Cristo venceu a morte, também para nós existe a tranquila garantia de vida e esperança.


Curiosidades – recortes históricos:

No século II, a Vigília Pascal era marcada pela celebração da palavra, o batismo e a celebração eucarística.

A partir do século IV, teve início a celebração do Sacratíssimo Tríduo do Senhor Crucificado, Sepultado e Ressuscitado. A utilização da expressão Tríduo Pascal só passou a ser usada em 1930.

Mais tarde, no século VII, a Vigília Pascal passou a ter início na tarde do Sábado e a eucaristia era celebrada no começo da noite. As leituras começavam a partir das duas horas da tarde, havia a benção do fogo e o canto \"Exulted\".

Por se passar em plena luz do dia, essa celebração passou a ter um caráter negativo pois falava em \"feliz noite\". Assim o Papa Pio V proibiu a celebração da eucaristia durante a tarde, e algumas pessoas passaram a realizar a Vigília no Sábado cedo. A fim de extinguir o conceito da festa, o Papa Urbano VIII acabou com a popularidade da Vigília.

Todas essas proibições fizeram com que as celebrações sofressem mudanças radicais com a reforma litúrgica de Pio XII e o Vaticano II. Antes da reforma, a primeira parte da liturgia era reservada quase somente ao clero, aos ministros e a um pequeno grupo de convidados. Somente depois das reformas, as celebrações tomaram outro caráter.

Segundo antiquíssima tradição, esta noite deve ser comemorada em honra do Senhor, e a Vigília que nela se celebra, em memória da noite santa em que Cristo ressuscitou, deve ser considerada a mãe de todas as santas Vigílias (Sto. Agostinho). Pois nela, a Igreja se mantém de vigia à espera da Ressurreição do Senhor, e celebra-se com os sacramentos a Iniciação cristã.

Toda a celebração da Vigília Pascal se realiza de noite; mas de maneira a não começar antes do início da noite e a terminar antes da aurora do Domingo. Esta Vigília é o cume do ano litúrgico.


Fonte: Anotações pessoais de uma palestra que fiz em 1989 na Paróquia S. Vicente Pallotti – Arapongas Pr.