sábado, 21 de janeiro de 2012

PLANEJAMENTO ESCOLAR 2012

INICIANDO O PLANEJAMENTO NA ESCOLA SOPHIA MARCHETTI provoquei os coordenadores dos cursos  de Análises Clínicas, Enfermagem e Radiologia com um artigo publicado na Revista do SIEESP, ideias ventiladas do artigo estão abaixo escritas. Que tal refleti-las para bem planejar o ano letivo que aí está?

PLANEJAMENTO ESCOLAR 2012 – O MOMENTO DE REPENSAR A PRÁTICA PEDAGÓGICA

(Artigo da revista SIEESP nº165 DEZ 2011, p 4 e 5)

ü  “Verificar as ações que deram certo e os aspectos que precisam de mais atenção”

o   Faltou integração da equipe?

o   Planos, propostas e projetos ficaram engavetados?

ü  Olhar o que passou numa perspectiva crítica;

ü  Ter clareza do papel do Coordenador como “mediador”;

o   Mediar demandas dos docentes, discentes e toda comunidade educativa;

o   Mediar convergindo com a missão e o perfil da escola;

ü  Planejar = análise crítica e coletiva das decisões, planos e rotinas da escola para uma ação única da comunidade educativa;

CONCEITO DE PLANEJAMENTO: “O planejamento não é um mero documento redigido para o cumprimento de exigências legais; ele elucida a missão da escola e é também um movimento, uma vez que trata-se de um processo coletivo de discussão, análise e tomada de decisões, cujo acompanhamento e avaliação constantes podem definir as mudanças de rumo, sempre que necessário” (Célia Godoy).

ü  Planejar é refletir criticamente o contexto, os objetivos propostos trabalhando ideias, valores, a política e uma organização curricular significativa;

o   Para tal: é preciso que cada e todos os membros envolvidos estejam cientes de seu papel e atribuições de forma a viabilizar as ações, contribuindo para que a prática em sala de aula e o cotidiano escolar sejam coerentes com os objetivos propostos.

o   AUTO AVALIAÇÃO = No planejamento a Equipe Gestora deve rever funções que desempenha em sua rotina, bem como avaliar as formas de comunicação estabelecidas entre os membros da equipe, a interação de todo o grupo, além de avaliar as possibilidades reais de mediação que constrói junto aos professores.

ü  Planejamento é CONSTRUÇÃO COLETIVA: partir da escuta atenta de todos os envolvidos para que se possam estabelecer os critérios  comuns, discutir as formas de gestão, a organização do espaço e do tempo = definição do currículo.

ERROS MAIS COMUNS:

ü  Falta de pensamento crítico;

ü  Planejamento que não sai do papel;

ü  Planejamento apenas com função burocrática,

ü  Improvisação: idealização de metas, sem estipular prazos e etapas para a concretização, ou a falta de acompanhamento e avaliação das ações propostas.

ü  Planejar pelo “achismo”;

PARA SUPERAÇÃO DOS ERROS:

ü  Elaborar e cumprir o que foi planejado;

ü  Disciplina e comprometimento de toda a equipe;

ü  Toda ação ser avaliada na equipe e se necessário mudar a rota;

ü  Ações planejadas sejam condizentes com sua rotina e, principalmente, alinhadas com a realidade.

EQUIPE GESTORA

ü  Mediadora = avaliar e reavaliar continuamente os processos da escola;

ü  Aplicar o planejado no cotidiano escolar;

ü  Designar tarefas e combinados com toda a equipe;

ü  Monitorar prazos e cobrar o cumprimento das etapas estabelecidas;

ü  Zelar pela formação permanente da equipe;

ü  Acompanhar a rotina da instituição;

ü  Favorecer o desenvolvimento de habilidades e competências dos  profissionais,

ü  Ter a dimensão de “ser limitado” para trabalhar a questão de superação na construção coletiva do ser: APRENDER A APRENDER; APRENDER A CONHECER; APRENDER A SER; APRENDER A CONVIVER.

ü  Faz acontecer o CURRICULO = articulação das diretrizes curriculares dentro de uma proposta que trabalhe de maneira interdisciplinar.
Obs.: O texto acima foi reescrito para fins de planejamento da Coordenação da Escola Sophia Marchetti a partir do artigo supra citado, por J. A. Galiani.

Os casais homoafetivos e a Bíblia

Os gays e a Bíblia
É no mínimo surpreendente constatar as pressões sobre o Senado para evitar a lei que criminaliza a homofobia. Sofrem de amnésia os que insistem em segregar, discriminar, satanizar e condenar os casais homoafetivos.

No tempo de Jesus, os segregados eram os pagãos, os doentes, os que exerciam determinadas atividades profissionais, como açougueiros e fiscais de renda. Com todos esses Jesus teve uma atitude inclusiva. Mais tarde, vitimizaram indígenas, negros, hereges e judeus. Hoje, homossexuais, muçulmanos e migrantes pobres (incluídas as “pessoas diferenciadas”...).

Relações entre pessoas do mesmo sexo ainda são ilegais em mais de 80 nações. Em alguns países islâmicos elas são punidas com castigos físicos ou pena de morte (Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Nigéria etc).

No 60º aniversário da Decclaração Universal dos Direitos Humanos, em 2008, 27 países membros da União Europeia assinaram resolução à ONU pela “despenalização universal da homossexualidade”.

A Igreja Católica deu um pequeno passo adiante ao incluir no seu Catecismo a exigência de se evitar qualquer discriminação a homossexuais. No entanto, silenciam as autoridades eclesiásticas quando se trata de se pronunciar contra a homofobia. E, no entanto, se escutou sua discordância à decisão do STF ao aprovar o direito de união civil dos homoafetivos.

Ninguém escolhe ser homo ou heterossexual. A pessoa nasce assim. E, à luz do Evangelho, a Igreja não tem o direito de encarar ninguém como homo ou hétero, e sim como filho de Deus, chamado à comunhão com Ele e com o próximo, destinatário da graça divina.

São alarmantes os índices de agressões e assassinatos de homossexuais no Brasil. A urgência de uma lei contra a homofobia não se justifica apenas pela violência física sofrida por travestis, transexuais, lésbicas etc. Mais grave é a violência simbólica, que instaura procedimento social e fomenta a cultura da satanização.

A Igreja Católica já não condena homossexuais, mas impede que eles manifestem o seu amor por pessoas do mesmo sexo. Ora, todo amor não decorre de Deus? Não diz a Carta de João (I,7) que “quem ama conhece a Deus” (observe que João não diz que quem conhece a Deus ama...).

Por que fingir ignorar que o amor exige união e querer que essa união permaneça à margem da lei? No matrimônio são os noivos os verdadeiros ministros. E não o padre, como muitos imaginam. Pode a teologia negar a essencial sacramentalidade da união de duas pessoas que se amam, ainda que do mesmo sexo?

Ora, direis ouvir a Bíblia! Sim, no contexto patriarcal em que foi escrita seria estranho aprovar o homossexualismo. Mas muitas passagens o subtendem, como o amor entre Davi por Jônatas (I Samuel 18), o centurião romano interessado na cura de seu servo (Lucas 7) e os “eunucos de nascença” (Mateus 19). E a tomar a Bíblia literalmente, teríamos que passar ao fio da espada todos que professam crenças diferentes da nossa e odiar pai e mãe para verdadeiramente seguir a Jesus.

Há que passar da hermenêutica singularizadora para a hermenêutica pluralizadora. Ontem, a Igreja Católica acusava os judeus de assassinos de Jesus; condenava ao limbo crianças mortas sem batismo; considerava legítima a escravidão e censurava o empréstimo a juros. Por que excluir casais homoafetivos de direitos civis e religiosos?

Pecado é aceitar os mecanismos de exclusão e selecionar seres humanos por fatores biológicos, raciais, étnicos ou sexuais. Todos são filhos amados por Deus. Todos têm como vocação essencial amar e ser amados. A lei é feita para a pessoa, insiste Jesus, e não a pessoa para a lei.
Autor: Frei Betto



http://amaivos.uol.com.br/amaivos09/noticia/noticia.asp?cod_Canal=53&cod_noticia=18026

Tecnologia uma segunda natureza!

“Só um Deus nos poderá salvar”
Esta frase não vem de algum Papa mas de Martin Heidegger (1889-1976), um dos mais profundos filósofos alemães do século XX, numa entrevista dada ao semanário Der Spiegel no dia 23 de setembro de 1966 mas somente publicada no dia 31 de maio de 1976, uma semana após a sua morte. Heidegger sempre foi um observador atento dos destinos amedrontadores de nossa civilização tecnológica. Para ele a tecnologia como intervenção na dinâmica natural do mundo para benefício humano, penetrou de tal maneira em nosso modo de ser que se transformou numa segunda natureza.
Hoje em dia não podemos nos imaginar sem o vasto aparato tecnocientífico sobre o qual está assentada nossa civilização. Mas ela é dominada por uma compulsão oportunística que se traduz pela fórmula: se podemos fazer, também nos é permitido fazer sem qualquer outra consideração ética. As armas de destruição em massa surgiram desta atitude. Se existem, por que não usá-las?
Para o filósofo, uma técnica assim sem consciência, é a mais lídima expressão de nosso paradigma e de nossa mentalidade, nascidos nos primórdios da modernidade, no século XVI, cujas raízes, no entanto, se encontram já na clássica metafísica grega. Esta mentalidade se orienta pela exploração, pelo cálculo, pela mecanização e pela eficiência aplicada em todos os âmbitos, mas principalmente em relação para com a natureza. Essa compreensão entrou em nós de tal maneira que reputamos a tecnologia como a panacéia para todos os nossos problemas. Inconscientemente nos definimos contra a natureza que deve ser dominada e explorada. Nós mesmos nos fizemos objeto de ciência, a ser manipulados, nossos órgãos e até nossos genes.
Criou-se um divórcio entre ser humano e natureza que se revela pela crescente degradação ambiental e social. A manutenção e a aceleração deste processo tecnológico, segundo ele, pode nos levar a uma eventual autodestruição. A máquina de morte já está há decênios construída.
Para sair desta situação não são suficientes apelos éticos e religiosos, muito menos a simples boa-vontade. Trata-se de um problema metafísico, quer dizer, de um modo de ver e de pensar a realidade. Colocamo-nos num trem que corre célere sobre dois trilhos e não temos como pará-lo. E ele está indo ao encontro de um abismo lá na frente. Que fazer? Eis a questão.
Se quiséssmos, teríamos em nossa tradição cultural, uma outra mentalidade, nos presocráticos como Heráclito entre outros, que ainda viam a conexão orgânica entre ser humano e natureza, entre o divino e o terreno e alimentavam um sentido de pertença a um Todo maior. O saber não estava a serviço do poder mas da vida e da contemplação do mistério do ser. Ou em toda a reflexão contemporânea sobre o novo paradigma cosmológico-ecológico que vê a unidade e a complexidade do único e grande processo da evolução do qual todos os seres são emergências e interdependentes. Mas esse caminho nos é vedado pelo excesso de tecnociência, de racionalidade calculatória e pelos imensos interesses econômicos das grandes corporações que vivem deste status quo.
Para onde vamos? É neste contexto indagações que Heidegger pronunciou a famosa e profética sentença:”A filosofia não poderá realizar diretamente nenhuma mudança da atual situação do mundo. Isso vale não apenas para a filosofia mas principalmente para toda a atividade de pensamento humano. Somente um Deus nos pode salvar (Nur noch ein Gott kann uns retten). Para nós resta a única possibilidade no campo do pensamento e da poesia que é preparar uma disposição para o aparecimento de Deus ou para a ausência de Deus em tempo de ocaso (Untergrund); pois, nós, em face do Deus ausente, vamos desaparecer”.
O que Heidegger afirma está sendo também gritado por notáveis pensadores, cientistas e ecólogos. Ou mudamos de rumo ou a nossa civilização põe em risco o seu futuro. A nossa atitude é de abertura a um advento de Deus, aquela Energia poderosa e amorosa que sustenta cada ser e o inteiro universo. Ele nos poderá salvar. Essa atitude é bem representada pela gratuidade da poesia e do livre pensar. Como Deus, segundo as Escrituras, é “o soberano amante da vida”(Sabedoria 11,24), esperamos que não permitirá um fim trágico para o ser humano. Este existe para brilhar, conviver e ser feliz.
Autor: Leonardo Boff




Judaísmo, holocausto e carnaval

"Holocausto e carnaval"- uma reflexão


Estamos todos no "arrepio" dos eventos relativos à comunidade e o carnaval. Escrevi um artigo que não enviei aos órgãos de imprensa para não desautorizar instituições comunitárias. Mas acho que o momento exige reflexão interna além dos arrepios. Sei também que momentos polêmicos são os mais difíceis para refletirmos. Se não for para refletir, se for para entrar no plano do "sim" ou "não", do bonzinho e do bandido... então....como diziam bons rabinos do passado.... Ehhh....fargues!

Nilton Bonder

Holocausto e Carnaval

Há polêmicas que se produzem entre um certo e um errado.

Há, porém, polêmicas entre dois certos e polêmicas entre dois errados.


A atual polêmica sobre o carro alegórico da Viradouro me parece uma dessas entre dois errados.


E se isso já é muito complicado, saiba que há polêmicas onde o erro é em relação ao outro, mas há polêmicas também onde um é errado em relação a si mesmo. No meu julgamento estamos diante de uma polêmica entre dois errados para consigo mesmos.


A comunidade judaica se vê legitimamente responsável pela preservação da memória das vítimas do Holocausto. Empreende essa tarefa num mundo de revisionismo histórico e negação sobre um dos episódios mais bem documentados da História da civilização. Documentado não apenas na carne de vítimas ainda vivas, mas pela própria perversidade de seus perpetradores que registraram seus atos ensandecidos por lhes atribuir valores às avessas. Revisionismo esse que é usado como arma política por países como o Irã ou como munição de ódio por grupos racistas. Em meio a tudo isso é indiscutível a legitimidade e a necessidade desta vigilância, mas também a maneira de exercê-la.


É motivo de discussão hoje se os judeus deveriam carrear para si essa tarefa tornando-a uma causa de sua História particular ou se tal responsabilidade deveria ser no mínimo repartida com uma Europa que internamente se perceba promotora e culpada destes acontecimentos. Uma coisa é a cobrança externa, o dedo em riste e outra é a difícil e visceral crítica interna -- uma responde pela reparação e a outra pelo remorso e contrição. Discussão profunda e difícil, mas aponta uma questão importante para a comunidade judaica. Seu policiamento, na medida em que tiver que se dar, está condicionado a não se exceder, sob o risco de obliterar processos próprios de autoconsciência da civilização e que elevam o Holocausto a um símbolo universal, a uma iniqüidade contra a humanidade e não apenas contra os judeus. O claro divisor de águas está na motivação e na intenção de representar o Holocausto - seja querendo revê-lo e, portanto reduzi-lo, seja acolhendo-o como memória universal e promovendo contrição. Num mundo tão iconográfico e onde imperam valores de liberdade será impossível exercer este papel de vigilância sem que ele seja descaracterizado e compreendido como um papel autocentrado, que por um lado rouba a universalidade de um tema e por outro representa uma agenda particular de um grupo ao invés da humanidade como um todo. O contexto do carnaval e dos enredos das Escolas de Samba não é aos olhos e corações brasileiros uma passarela profana, mas uma agenda popular e pluralista que muito interessa nutrir. Se a intenção for certa, a impropriedade ou o grotesco serão sempre riscos que acredito valha a pena correr para que estas questões não fiquem prisioneiras de espaços blindados pelo politicamente-correto. Estes espaços além de reduzidos e elitistas tem a mesma motivação do fundamentalismo islâmico que quer controlar o olhar que o outro tem sobre aquilo que lhe é sagrado. No meu ver um erro para consigo.


Por outro lado os carnavalescos desejosos de trazer ao público temas com conteúdo humano e de conscientização devem fazer uma profunda análise sobre sua intenção na combinação entre conteúdo e forma. Se o carnaval quer apenas se utilizar de temas fortes e impactantes para dar cor a suas alegorias se tornará uma extensão do mundo do marketing sensacionalista e da exploração da essência pela forma. Deixará suas raízes de criatividade e humanidade para aderir ao magnético efeito da mídia e da propaganda a qualquer custo. Até porque a maior das alegorias do Carnaval não é a fantasia vã, nascida do desejo unicamente estético. O Carnaval esconde a dor e ao mesmo tempo o sonho de um povo pobre, escravizado e marginalizado. Esconde no glamour questões que emanam da luta milenar humana por um mundo mais igualitário, onde a fantasia de um não tenha que ser a de vestir-se do outro porque como excluído só pode ser a si se for o outro. Mas um mundo onde todos sejamos reis, onde o respeito se alastre como epidemia, e todo o mortal, todo o trabalhador humilde, descubra em si uma alegria que o faz folião desta vida. Aí seremos reis e rainhas, pierrôs e colombinas, não de um mundo de fantasias que deságua numa quarta-feira de ainda tanta desigualdade e intolerância. Aí o mundo poderá ser esta alegoria de uma vida que é uma passarela por onde desfila a alegria e a diversidade.


Não há polemica entre a Comunidade Judaica e o Carnaval. Há questões internas muito importantes para serem amadurecidas. Será deste amadurecimento que não teremos que nos refugiar em fantasias; dele advirá a possibilidade de que horrores como o do Holocausto deixem a todos verdadeiramente arrepiados.

Nilton Bonder, ordenou-se Rabino, pelo Jewish Theological Seminary, N.Y, em 1987. Escreveu 14 livros vários deles best-sellers no mercado editorial brasileiro e estrangeiro. Site: (http://www.cjb.org.br/)

Na Democracia nãohá crime de heresia

Direitos humanos e diversidade religiosa
(A propósito da iniciativa do governo federal de criar o Comitê de Diversidade Religiosa, no âmbito da Secretaria Nacional de Direitos Humanos. O Comitê foi instalado com um seminário em 30 de novembro de 2011)

O Estado laico não discrimina por motivos religiosos, não afirma nem nega, por exemplo, a existência de Deus, relegando essa questão à liberdade de consciência de cada cidadão.
Na democracia não há crime de heresia. O Estado laico assegura que cada cidadão possa viver segundo sua crença, sem receio de ser perseguido por seu pertencimento religioso. Na Constituição Federal (1988), este direito está previsto no artigo 5º, inciso VI, o qual assegura liberdade de consciência e de crença a todos cidadãos, bem como no artigo 19, título I, que veda a aliança entre o Estado e as instituições religiosas. O ambiente democrático fomenta a diversidade, na medida em que todos ficam livres para acreditar (ou não) na existência de Deus.
No Brasil, durante a monarquia, experimentamos outro modo de tratamento para o fenômeno religioso. Nas Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia (1707), por exemplo, não se cogitava de liberdade para o indivíduo escolher sua religião. O Livro Primeiro, título II, dispunha "como são obrigados os pais, mestres, amos e senhores, a ensinar, ou fazer ensinar a doutrina cristã, aos filhos, discípulos, criados e escravos", enquanto o Livro Quinto, título I, estabelecia "Que se denunciem ao Santo Oficio os hereges e os suspeitos de heresia ou judaísmo". Assim, privilegiando-se uma religião e perseguindo-se as demais, forjou-se a maioria católica no Brasil.
A memória de um Estado brasileiro confessional e intolerante deve ser preservada, para assegurar que as novas gerações saibam que os valores democráticos, que asseguram o respeito à crença do outro, são conquistas do Estado laico, proclamado por meio do Decreto 119-A, em 07 de janeiro de 1890. A laicidade, definida como o regime de convivência no qual o Estado se legitima pela soberania popular e não mais por algum poder divino, não é contra as religiões. Ao contrário, o Estado laico não discrimina por motivos religiosos, não afirma nem nega, por exemplo, a existência de Deus, relegando essa questão à liberdade de consciência de cada cidadão. A laicidade fomenta, pois, a diversidade religiosa, como inerente a uma sociedade livre e plural.
Importante destacar que o Estado laico serve aos religiosos, pois lhes garante a liberdade para vivenciarem sua fé, inclusive discordando da hierarquia de sua própria Igreja. Assim, por exemplo, as mulheres católicas que desejam usar a pílula, ou os jovens católicos que desejem usar o preservativo, podem fazê-lo graças à laicidade, que lhes garante a liberdade de decidir livremente se vão ou não se submeter aos dogmas de sua própria Igreja.
Contudo, a transição de um monopólio religioso para um regime de liberdades lança desafios à democracia. A ONU (Organização das Nações Unidas), desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) pauta a liberdade religiosa. Mais recentemente, em 1995, aprovou a Declaração de Princípios sobre a Tolerância, enfatizando: "Tolerância não é concessão, condescendência, indulgência. A tolerância é, antes de tudo, uma atitude ativa, fundada no reconhecimento dos direitos universais da pessoa humana e das liberdades fundamentais do outro". Em 2011, a ONU volta ao tema, aprovando a Resolução 16-18, cujo conteúdo reforça a necessidade de os Estados membros enfrentarem a intolerância religiosa.
Portanto, a iniciativa do governo federal de criar o Comitê de Diversidade Religiosa, no âmbito da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, merece ser festejada por todos que acreditam na democracia, pois demonstra a necessária disposição para o diálogo com os mais variados segmentos da sociedade, visando reconhecer as diferenças, superar a intolerância e promover a diversidade, à luz dos Direitos Humanos.

Roberto Arriada Lorea é Juiz de Direito e Membro do Comitê de Diversidade Religiosa (SEDH)
Autor: Roberto Arriada Lorea*



domingo, 1 de janeiro de 2012

REZEI POR VOCÊ, FELIZ ANO NOVO!

REZEI POR VOCÊ!
Feliz Ano Novo!

Saúde, paz e muito dinheiro no bolso.

Todos os anos e em todos os tempos é o que escutamos de nossos amigos e familiares no inicio de um ano.

Na Missa de Ano Novo rezei por você e o Salmo 66 (67) me inspirou:

Que a bênção e face do Senhor, ilumine e brilhe sobre você ao longo do ano que se inicia;
Que o poder de Deus que é paz e retidão gere em seu coração bênção e frutos.
Que em você, o rosto de Deus reflita a paz e, n´Ele caminhe para descobrir terno carinho.
Que em 2012, você louve a Deus de forma que sua vida e a dos seus, seja conduzida pela justiça de Deus.



E a leitura  de Números 6, 22-27 coroou minha oração POR VOCÊ:

“O Senhor te abençoe e te guarde!
 O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti!
O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!”



REZEI POR VOCÊ! O que rezei é o que te desejo no FELIZ ANO NOVO!