A escola, a sala de aula e o professor
O sistema educacional passa por um período de inércia. Verificam-se repetições de um padrão que, num tempo não muito distante do atual, foi eficaz. Professores continuam executando o mesmo planejamento de décadas passadas, reutilizando estratégias de ensino, avaliações e metodologias, sem considerar que os tempos são outros, esquecendo que hoje a quantidade de informações e a velocidade como são transmitidas são muito maiores. O novo tem sido uma reedição do velho nas escolas.
O que se observa é que essa mera reprodução de velhos ritos escolares tem se voltado contra a própria escola. Os alunos têm se tornado cada vez menos motivados para as atividades propostas.
Sabe-se que as escolas são verdadeiras usinas de múltiplas inteligências, mas atualmente elas têm sido um local de repetição de padrões ultrapassados, sem que apresentem preocupações para mudar esse panorama - sem inovar!
É necessário acompanhar as mudanças e sair da zona de conforto. Os professores precisam se conscientizar de que as aulas precisam despertar o interesse dos alunos, procurar despertar neles a vontade de aprender, incentivar a participação individual no processo de ensino-aprendizagem, promover atividades que permitam que os alunos questionem, participem e opinem. O ensino não pode mais ser uma via de mão única. Quando se sentirem seguros e valorizados em suas opiniões, os alunos sairão das aulas com desejo de voltar, com sede de saber e muito mais preparados.
A escola que se diz transformadora (e que realmente desejar ser) deve transpor a barreira do conservadorismo, abandonar o paradigma de designar como indisciplina ou desrespeito as manifestações de vida e de opinião dos alunos.
Avaliando o papel da escola, conclui-se que ela deve ser o espaço para reflexão, para discussões entre a geração dos mais velhos com as gerações dos mais novos, e não dos que sabem mais com os que sabem menos. Onde não ocorrem discussões, não se pode chamar de sala de aula. Os professores que resistem em abandonar o velho padrão, que exige que a sala de aula seja um ambiente harmônico e disciplinado, muito pouco têm a ensinar.
O professor da era da informação deve estar preparado para promover discussões sobre os acertos e erros da humanidade, sobre valores, além de ser realmente capaz de ajudar a formar uma geração melhor do que a anterior.
Já não se pode mais admitir a presença do professor PowerPoint, que apenas repete o que está escrito. O professor "PowerPoint" se assemelha ao sistema de ensino apostilado, onde só se registra o mínimo necessário e fragmentando o conteúdo, sem correlacioná-los com outros assuntos e sem contextualizar e transpor para a realidade dos alunos.
Não se pode mais aceitar também que seja ensinado o básico. Urge formar cidadãos de valor e com qualidade. É preciso que o ensino seja abordado de maneira que prime pelo significado. A quantidade não garante a qualidade. A sala de aula tem que ser o lugar de exigência máxima e não mínima.
O professor deve estar atento e preocupado com o desenvolvimento pleno de seus alunos, com as suas presenças e ausências, sua saúde, com as exposições a situações de preconceitos, discriminação e violência. Deve ainda buscar atualizar-se constantemente, trocar experiências com demais professores da escola ou de outras instituições de ensino, ter disposição, paciência, calma para conversar, ouvir os alunos e famílias, estabelecendo com elas uma relação de atenção, proximidade e confiança.
Um bom professor deve ainda promover a compreensão do "porquê" e "para que" aprender sempre.
Carlos W. Dorlass é consultor educacional em empresas e instituições de ensino.
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