sábado, 29 de janeiro de 2011

Educação sexual

A educação sexual na escola brasileira, principalmente nos níveis do ensino fundamental, tem sido bastante polêmica. Hoje, a discussão da necessidade da Educação Sexual na escola deveria estar superada, uma vez que as consequências da ausência de informações sobre a sexualidade podem ser claramente sentidas em nossa sociedade, em que a liberdade de expressão é exercida quase na sua totalidade e a sexualidade é mostrada na televisão e em folhetos de forma fragmentada e frequentemente deturpada.

Dessa forma, é incabível que o tema não seja tratado de forma sistemática, consciente e responsável na escola. Vivemos em uma sociedade em que as descobertas científicas e tecnológicas propiciam uma riqueza de experiências, além de inúmeras possibilidades de mobilidade social e de relacionamentos. Tal riqueza de experiências exige uma consciência elaborada, que permita ao homem e à mulher a opção mais apropriada. Se assim não ocorrer, as escolhas, incluindo as sexuais, serão determinadas pelo próprio social, no qual, sabemos, a mídia tem influencia determinante.

Outra questão também relacionada à liberdade e à autonomia da vida sexual que merece ser pensada é a tendência de os afetos, para muitas pessoas, realizarem-se apenas na posse de bens materiais – cada vez mais, amamos o outro não pelo que ele é, mas por aquilo que ele possui. Transformamos, por exemplo, o corpo em objeto de uso, assim como os produtos de consumo diário. Nesse sentido, vale refletir sobre a adolescente que troca seu corpo por um tênis ou uma calça jeans da moda.

Qual seria, então, o caminho da Educação Sexual? São grandes os desafios, principalmente para o educador e a educadora de hoje, pois o caminho do conhecimento da vida sexual se contrapõe à crescente complexidade da vida moderna. Atualmente, o poder do consumo se apropria da nossa liberdade.

As questões que envolvem a virgindade, a homossexualidade, o machismo, o feminismo e a religiosidade são muito mais polêmicas, mas, se tratadas com respeito e liberdade, podem ser debatidas. Entende-se que o trabalho da Educação Sexual na escola deve ser realizado de tal forma que permita a participação constante dos alunos por meio de discussões que privilegiem o posicionamento de cada um quanto ao tema em debate, assim como o levantamento e discussão de dúvidas, das divergências e dos pontos em comum. Tal posicionamento busca favorecer a reflexão e o estudo dos fatores que influem na vida sexual e facilita relações interpessoais e uma interpretação positiva e consciente da própria sexualidade.

Texto de Cláudia Maria de Souza, mestre em Educação pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), docente da rede de ensino municipal de Taubaté (SP), professora universitária, consultora em Educação e mediadora em congressos educacionais.



Publicado no Jornal Virtual - Ano 9 - Nº 199-28/01/2011 (recebido em meu e-mail)

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