Em tempos da geração manifestação pacífica a educação está
pela metade.
Em um Shopping, num corredor estreito de uma loja, entre a
prateleira e o mostruário eu olhava mercadorias. Um jovem menino empurrava o
carrinho de bebê e nele uma linda criança. Quando se aproximou de mim, sua mãe
disse-lhe: “peça licença”, ele afirmou já pedi, porém já havia me apertado
entre a prateleira e o carrinho.
Certamente a mãe ficou orgulhosa do filho que pediu, ao
tiozinho aqui, licença. Brinquei na tentativa de demonstrar que não me
incomodou o fato de sentir a roda do carrinho sobre meu pé e esbarrando na
prateleira e minhas pernas, o jovem menino conduziu o carrinho até seu destino.
Fiquei a refletir sobre os últimos acontecimentos nas cidades
brasileiras e a educação de nossas crianças no contexto da geração manifestação
pacífica. A criança foi educada, pela metade, porém faltou-lhe a educação
completa: aguardar eu lhe dar o espaço necessário para que pudesse passar com o
carrinho.
Na verdade a situação vivida no shopping indica o que marca
nossas crianças e jovens: eu posso, eu quero, eu faço, eu, eu, eu, eu tenho
direito. Realmente comove ver um menino pedir licença, porém incomoda ver que o
jovem menino não sabe que depois de pedir licença é preciso aguardar a licença
ser dada. Ele conhece o seu direito, o de passar pelo corredor estreito
empurrando o carrinho, mas desconhece o seu dever! Assim é a geração
manifestação pacífica, outro dia julgava e condenava trabalhadores que em suas manifestações
lutavam por seus direitos e incomodava a todos, parando o trânsito e outros
transtornos. Esta geração é fruto de pais e até avós cara-pintada, que
protagonizaram o impeachment do presidente colorido. Como o mundo dá voltas e a
história é linear e cíclica! Luta-se pelos direitos, mas não se cumpre os
deveres!
Ver a multidão de manifestantes pacíficos nas ruas é tão
emocionante como ver o menino pedir licença, mas não esperar a licença ser dada
é como ver as manifestações pacíficas terminarem em pancadaria e a culpa cair
sobre anônimos vândalos sem direitos e deveres.
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