terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

MISSA DE SÉTIMO DIA

     A Missa de Sétimo Dia, como expressão de sufrágio pelos falecidos, está profundamente fundamentada nos ensinamentos e documentos da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR). Ela é uma manifestação do princípio da comunhão dos santos e da caridade cristã, por meio da oração e da Eucaristia oferecida em favor das almas que partiram. Abaixo, trazemos um aprofundamento com base em documentos oficiais da Igreja.

 O Valor da Oração pelos Falecidos

O Catecismo da Igreja Católica (CIC) afirma que “desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em seu favor, sobretudo o Sacrifício Eucarístico” (CIC, 1032). Este ensinamento remete à prática de celebrar Missas em intenção das almas, especialmente no período inicial após o falecimento, como sinal de amor e esperança de que elas sejam purificadas e acolhidas no seio de Deus.

Além disso, o Concílio de Trento, em sua Doutrina sobre o Sacrifício da Missa, declarou que “o sacrifício da Missa é oferecido não apenas pelos vivos, mas também pelos mortos, que ainda não estão plenamente purificados” (Sessão XXII, Capítulo 2). Assim, a Missa de Sétimo Dia é uma aplicação concreta deste princípio, reforçando a eficácia da Eucaristia como ato de intercessão.

 A Missa como Sinal de Comunhão e Esperança

Na Encíclica Ecclesia de Eucharistia, o Papa São João Paulo II destaca que a Eucaristia tem um profundo vínculo com a vida eterna: “A Missa oferecida pelos defuntos, para que, purificados, cheguem à visão beatífica de Deus, expressa o profundo sentido da comunhão espiritual que une a Igreja da terra à do céu” (EE, 19). A Missa de Sétimo Dia é, assim, um momento de consolação e de comunhão entre os fiéis vivos e as almas que aguardam a plenitude de sua redenção.

Além disso, a Sacrosanctum Concilium, constituição sobre a Sagrada Liturgia do Concílio Vaticano II, ensina que a Eucaristia é o ápice da oração comunitária, em que os fiéis, unidos no Corpo de Cristo, intercedem pelos vivos e pelos falecidos (SC, 47). Assim, a Missa de Sétimo Dia é também um momento de consolo para os familiares e amigos, que se reúnem para celebrar a fé na ressurreição e na comunhão dos santos.

 A Comunhão dos Santos e os Sufrágios

A Lumen Gentium, constituição dogmática do Concílio Vaticano II, afirma que "a Igreja peregrina reconhece plenamente sua união com a Igreja celeste na comunhão de todos os santos" (LG, 50). Nesse contexto, a Missa de Sétimo Dia é uma expressão da unidade da Igreja militante, padecente e triunfante, reforçando que, em Cristo, todos estamos ligados. Por isso, os sufrágios são um sinal da caridade que não se encerra com a morte.

O Papel da Eucaristia na Purificação das Almas

A Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, de Bento XVI, recorda: “Na celebração da Eucaristia, oferecemos também a redenção em favor dos mortos, confiando que o sacrifício de Cristo alcance todos os tempos e todas as almas” (SC, 32). Assim, a Missa de Sétimo Dia reafirma a esperança cristã de que a intercessão da Igreja é eficaz para as almas que se encontram no purgatório.

 Conclusão

A Missa de Sétimo Dia é, portanto, um ato litúrgico de grande valor espiritual, baseado em uma sólida tradição e sustentado pelos ensinamentos da Igreja. Ela celebra a fé na ressurreição, promove a comunhão entre os vivos e os mortos e manifesta a caridade cristã. Como recorda o Papa Francisco na Encíclica Fratelli Tutti: “O amor não morre nunca; ele se transforma em oração” (FT, 254). Por meio desta celebração, os fiéis depositam sua confiança na misericórdia divina, certos de que Deus acolhe com amor aqueles que deixaram esta vida.

Por fim, a prática de celebrar essa missa reflete a esperança cristã de que, pela morte e ressurreição de Jesus Cristo, todos os fiéis possam participar da vida eterna. Este gesto é, portanto, um ato de amor e solidariedade com aqueles que já partiram, reafirmando a confiança na promessa de Cristo: "Quem crê em mim, ainda que morra, viverá" (João 11,25).

José A. Galiani (Pedagogo, Teólogo e Filósofo)

26/01/25 - Pindamonhangaba- SP

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