A Missa de Sétimo Dia, como expressão de sufrágio pelos falecidos, está profundamente fundamentada nos ensinamentos e documentos da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR). Ela é uma manifestação do princípio da comunhão dos santos e da caridade cristã, por meio da oração e da Eucaristia oferecida em favor das almas que partiram. Abaixo, trazemos um aprofundamento com base em documentos oficiais da Igreja.
O Catecismo da Igreja Católica (CIC)
afirma que “desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória dos defuntos e
ofereceu sufrágios em seu favor, sobretudo o Sacrifício Eucarístico” (CIC,
1032). Este ensinamento remete à prática de celebrar Missas em intenção das
almas, especialmente no período inicial após o falecimento, como sinal de amor
e esperança de que elas sejam purificadas e acolhidas no seio de Deus.
Além disso, o Concílio de Trento, em
sua Doutrina sobre o Sacrifício da Missa, declarou que “o sacrifício da Missa é
oferecido não apenas pelos vivos, mas também pelos mortos, que ainda não estão
plenamente purificados” (Sessão XXII, Capítulo 2). Assim, a Missa de Sétimo Dia
é uma aplicação concreta deste princípio, reforçando a eficácia da Eucaristia
como ato de intercessão.
Na Encíclica Ecclesia de Eucharistia,
o Papa São João Paulo II destaca que a Eucaristia tem um profundo vínculo com a
vida eterna: “A Missa oferecida pelos defuntos, para que, purificados, cheguem
à visão beatífica de Deus, expressa o profundo sentido da comunhão espiritual
que une a Igreja da terra à do céu” (EE, 19). A Missa de Sétimo Dia é, assim,
um momento de consolação e de comunhão entre os fiéis vivos e as almas que
aguardam a plenitude de sua redenção.
Além disso, a Sacrosanctum Concilium,
constituição sobre a Sagrada Liturgia do Concílio Vaticano II, ensina que a
Eucaristia é o ápice da oração comunitária, em que os fiéis, unidos no Corpo de
Cristo, intercedem pelos vivos e pelos falecidos (SC, 47). Assim, a Missa de
Sétimo Dia é também um momento de consolo para os familiares e amigos, que se
reúnem para celebrar a fé na ressurreição e na comunhão dos santos.
A Lumen Gentium, constituição
dogmática do Concílio Vaticano II, afirma que "a Igreja peregrina
reconhece plenamente sua união com a Igreja celeste na comunhão de todos os
santos" (LG, 50). Nesse contexto, a Missa de Sétimo Dia é uma expressão da
unidade da Igreja militante, padecente e triunfante, reforçando que, em Cristo,
todos estamos ligados. Por isso, os sufrágios são um sinal da caridade que não
se encerra com a morte.
O Papel da Eucaristia na Purificação das Almas
A Exortação Apostólica Sacramentum
Caritatis, de Bento XVI, recorda: “Na celebração da Eucaristia, oferecemos
também a redenção em favor dos mortos, confiando que o sacrifício de Cristo
alcance todos os tempos e todas as almas” (SC, 32). Assim, a Missa de Sétimo
Dia reafirma a esperança cristã de que a intercessão da Igreja é eficaz para as
almas que se encontram no purgatório.
A Missa de Sétimo Dia é, portanto, um
ato litúrgico de grande valor espiritual, baseado em uma sólida tradição e
sustentado pelos ensinamentos da Igreja. Ela celebra a fé na ressurreição,
promove a comunhão entre os vivos e os mortos e manifesta a caridade cristã.
Como recorda o Papa Francisco na Encíclica Fratelli Tutti: “O amor não morre
nunca; ele se transforma em oração” (FT, 254). Por meio desta celebração, os
fiéis depositam sua confiança na misericórdia divina, certos de que Deus acolhe
com amor aqueles que deixaram esta vida.
Por fim, a prática de celebrar essa
missa reflete a esperança cristã de que, pela morte e ressurreição de Jesus
Cristo, todos os fiéis possam participar da vida eterna. Este gesto é,
portanto, um ato de amor e solidariedade com aqueles que já partiram, reafirmando
a confiança na promessa de Cristo: "Quem crê em mim, ainda que morra,
viverá" (João 11,25).
José A. Galiani (Pedagogo,
Teólogo e Filósofo)
26/01/25 - Pindamonhangaba- SP
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