domingo, 3 de março de 2013

Pedagogia Humanista - Parte II


A natalidade a que se refere Arendt é a que brota do conflito vivido em sociedade, uma vez que esta é uma colcha de retalho de diferentes culturas, e é onde se dá o existir humano. A concepção de uma pedagogia humana, aqui trabalhada, caracteriza-se como a possibilidade de, pela educação, fazer o homem parte do todo, que prima como um ser político e para tal requer uma ética, princípios e valores que norteiem sua reflexão e ação. Essa perspectiva, valorativa de ação e reflexão questiona sem sombra de dúvidas, as práticas e políticas educacionais adotadas no Brasil, descritas nos recortes históricos do capítulo primeiro deste trabalho.

Essa monografia não tem como objetivo analisar os diferentes períodos da educação, mas apontar um caminho pedagógico que construa o homem mais humano; mesmo que perifericamente podemos dizer que até o atual momento, a educação no Brasil viveu e vive uma constante busca, busca de caminhos, busca de soluções, busca de identidade. A busca é sinônimo de crise e a crise é condição para alçar novas conquistas ou, como diz Arendt, a natalidade.

Educar humanamente é deixar nascer caminhos que superem os limites impostos pelo social, pelo econômico e pelo político de maneira que a arte de educar trilhe um caminho constante de construção e desconstrução, assim como o humano é, idéia que ecoa na literatura de Guimarães Rosa ao conceituar o humano: "Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão" (ROSA, 1986, p.21).

O século XXI exige um movimento constante de construção de paradigmas e estes não podem incorporar regras estáticas como no passado próximo que engessou a educação pelos dualismos vividos – razão/imaginação, utilitarismo/lazer, conceptismo/cultismo,      ciências humanas/ciências exatas, Dionísio/Prometeu, Oriente/Ocidente, paranóia/metanóia, corpo/alma.

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