A natalidade a que se refere Arendt é a que
brota do conflito vivido em sociedade, uma vez que esta é uma colcha de retalho
de diferentes culturas, e é onde se dá o existir humano. A concepção de uma pedagogia
humana, aqui trabalhada, caracteriza-se como a possibilidade de, pela educação,
fazer o homem parte do todo, que prima como um ser político e para tal requer
uma ética, princípios e valores que norteiem sua reflexão e ação. Essa
perspectiva, valorativa de ação e reflexão questiona sem sombra de dúvidas, as
práticas e políticas educacionais adotadas no Brasil, descritas nos recortes
históricos do capítulo primeiro deste trabalho.
Essa monografia não tem como objetivo analisar
os diferentes períodos da educação, mas apontar um caminho pedagógico que
construa o homem mais humano; mesmo que perifericamente podemos dizer que até o
atual momento, a educação no Brasil viveu e vive uma constante busca, busca de
caminhos, busca de soluções, busca de identidade. A busca é sinônimo de crise e
a crise é condição para alçar novas conquistas ou, como diz Arendt, a
natalidade.
Educar humanamente é deixar nascer caminhos que superem os
limites impostos pelo social, pelo econômico e pelo político de maneira que a arte
de educar trilhe um caminho constante de construção e desconstrução, assim como
o humano é, idéia que ecoa na literatura de Guimarães Rosa ao conceituar o
humano: "Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as
pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão
sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou.
Isso que me alegra, montão" (ROSA, 1986, p.21).
O século XXI exige um movimento constante de
construção de paradigmas e estes não podem incorporar regras estáticas como no
passado próximo que engessou a educação pelos dualismos vividos –
razão/imaginação, utilitarismo/lazer, conceptismo/cultismo, ciências humanas/ciências exatas,
Dionísio/Prometeu, Oriente/Ocidente, paranóia/metanóia, corpo/alma.
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